Hamas aceita cessar-fogo com Israel após 15 meses de conflito

O Hamas, um grupo palestino, anunciou que aceitou uma proposta de cessar-fogo com Israel, encerrando um conflito que já dura mais de 15 meses e resultou na morte de mais de 45 mil pessoas. A informação foi divulgada nesta quarta-feira, dia 15, após uma reunião de emergência entre os líderes do Hamas e mediadores do Catar e do Egito.

Em um comunicado, o Hamas afirmou que sua resposta à proposta foi feita de maneira responsável e positiva, destacando seu compromisso com a população da Faixa de Gaza. O grupo enfatizou a necessidade de interromper a "agressão sionista" e os massacres que a população está enfrentando. Essa declaração reflete a urgência da situação na região, onde a violência tem causado um grande sofrimento.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, comentou sobre o acordo em um evento realizado no Atlantic Council, nos EUA. Ele afirmou que a aceitação do Hamas era o último passo necessário para que o cessar-fogo se concretizasse. O acordo, que ainda não foi oficialmente anunciado, prevê uma fase inicial de seis semanas de cessar-fogo, durante a qual as forças israelenses devem se retirar gradualmente da Faixa de Gaza. Em troca, o Hamas deve libertar reféns que mantém em sua posse, enquanto Israel deve liberar prisioneiros palestinos.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, também se manifestou sobre o acordo, afirmando que sua eleição foi um fator que contribuiu para a realização do cessar-fogo. Em suas palavras, Trump destacou que seu governo continuará a trabalhar em estreita colaboração com Israel e aliados para garantir que Gaza não se torne um refúgio seguro para terroristas. Ele mencionou a importância de promover a paz na região e expandir os chamados Acordos Históricos de Abraão, que visam normalizar as relações entre Israel e países árabes.

Os Acordos de Abraão são um conjunto de acordos que foram firmados entre Israel e várias nações árabes, e são considerados por muitos como um dos fatores que levaram ao aumento das tensões entre Israel e o Hamas, especialmente após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que deu início à atual fase do conflito.

O cessar-fogo proposto é dividido em fases. Na primeira fase, prisioneiros de ambos os lados seriam libertados, priorizando mulheres, crianças e homens acima de 50 anos, além de pessoas feridas ou doentes. Após 16 dias de cessar-fogo, na segunda fase, todos os demais prisioneiros, incluindo homens e soldados, seriam liberados. A última fase do acordo envolve discussões sobre a formação de um novo governo em Gaza e planos para a reconstrução da região. Blinken, que participou das negociações, afirmou que o Hamas não deve fazer parte do novo governo em Gaza.

Ele também ressaltou que Israel não aceitará um Estado palestino que seja liderado pelo Hamas ou por outros grupos extremistas, que possuam milícias armadas. Essa posição reflete a preocupação de Israel em garantir a segurança de seu território e de sua população.

No entanto, nem todos em Israel estão de acordo com o cessar-fogo. O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, expressou sua oposição ao acordo, chamando-o de "terrível". Ele fez um apelo ao ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, para que se unisse a ele em uma resistência ao acordo, afirmando que, se o acordo for aprovado, eles se retirariam do governo juntos. Essa divisão dentro do governo israelense pode complicar ainda mais a situação e as negociações em andamento.

Enquanto isso, a ONU está se preparando para aumentar o auxílio humanitário na Faixa de Gaza, caso o cessar-fogo seja efetivado. A situação humanitária na região é crítica, e a necessidade de assistência é urgente. O governo brasileiro também se manifestou, condenando os bombardeios em áreas humanitárias de Gaza, destacando a importância de proteger a população civil em meio ao conflito.

O cenário continua tenso, e a aceitação do cessar-fogo pelo Hamas é um passo importante, mas ainda há muitos desafios a serem enfrentados para alcançar uma paz duradoura na região.