Biden retira Cuba da lista de países que patrocinam terrorismo
Medida alivia sanções contra Cuba.
Notícia publicada em 15/01/2025 11:22 - #politica
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tomou uma decisão importante a poucos dias de deixar a Casa Branca. Ele retirou Cuba da lista de países que supostamente patrocinam o terrorismo. Essa mudança é significativa, pois pode ajudar a aliviar as sanções que afetam a economia cubana. Além disso, Biden suspendeu por seis meses a possibilidade de processar pessoas que lucram com propriedades que foram expropriadas durante a Revolução Cubana. Também foram canceladas algumas restrições que dificultavam transações financeiras entre cidadãos e entidades dos EUA e Cuba.
Essa decisão pode ser revertida pela nova administração que assumirá o governo no dia 20 de janeiro. No entanto, especialistas acreditam que essas medidas, mesmo que limitadas, podem trazer um alívio para a crise econômica que Cuba enfrenta. Nos últimos anos, a ilha caribenha perdeu cerca de 10% de sua população, com muitos cubanos imigrando para os Estados Unidos em busca de melhores condições de vida.
O governo Biden justificou essas mudanças como parte de um acordo entre a Igreja Católica, liderada pelo Papa Francisco, e o governo cubano. Esse acordo resultou na libertação de 553 pessoas que estavam presas em Cuba. Além disso, Washington afirmou que as novas medidas têm como objetivo melhorar as condições de vida dos cubanos.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, destacou que a decisão de Biden também foi influenciada por conselhos de líderes mundiais, especialmente da América Latina, que o incentivaram a agir em prol dos direitos humanos do povo cubano. Biden afirmou que Cuba não forneceu apoio ao terrorismo internacional nos últimos seis meses e garantiu que o governo cubano não apoiará atos terroristas no futuro.
O presidente cubano, Miguel Diáz-Canel Bermúdez, expressou gratidão a todos que contribuíram para essa decisão, mas ressaltou que o impacto é limitado, já que o bloqueio econômico imposto pelos EUA ainda está em vigor. Ele afirmou que Cuba não desistirá de buscar uma relação “civilizada e respeitosa” com os Estados Unidos. Diáz-Canel também criticou as sanções que continuam a afetar a economia cubana, afirmando que elas causam escassez e dificultam o desenvolvimento do país.
O Ministério das Relações Exteriores de Cuba lembrou que ainda existem várias sanções unilaterais em vigor, como a proibição de transações financeiras internacionais e a perseguição a fornecedores de combustíveis. A chancelaria cubana afirmou que a guerra econômica continua a ser um obstáculo para a recuperação econômica da ilha e um fator que impulsiona a emigração.
O governo do Brasil também se manifestou sobre a decisão de Biden, considerando-a um ato de reparação e justiça. O Itamaraty afirmou que a inclusão de Cuba na lista de países que promovem o terrorismo era injusta, uma vez que Cuba tem colaborado para a promoção da paz e do diálogo na região.
Especialistas do Centro de Pesquisa Econômica e Política (Cerp), com sede em Washington, consideraram as mudanças como um passo positivo, que pode ajudar a conter a imigração cubana para os EUA e melhorar as condições econômicas em Cuba. Eles ressaltaram que as sanções econômicas, como as impostas pelos EUA, prejudicam principalmente a população local, levando muitos a deixar o país em busca de melhores oportunidades.
Durante a presidência de Donald Trump, várias sanções adicionais foram impostas a Cuba, complicando ainda mais a situação econômica da ilha. Desde a Revolução Cubana, em 1959, Cuba enfrenta um bloqueio econômico promovido pelos Estados Unidos, que penaliza países e empresas que tentam estabelecer relações comerciais com a ilha.
Na década de 1980, o então presidente Ronald Reagan incluiu Cuba na lista de países que apoiam o terrorismo. Em 2015, durante a presidência de Barack Obama, Cuba foi retirada dessa lista em um esforço de reaproximação entre os dois países. A situação atual, com a retirada de Cuba da lista de terrorismo, pode ser vista como um novo capítulo nas relações entre os EUA e a ilha caribenha, embora muitos desafios ainda permaneçam.