Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus acontece no Pará
Festival celebra a produção audiovisual amazônica.
Notícia publicada em 15/01/2025 10:04 - #cultura
O 4º Festival de Cinema Negro Zélia Amador de Deus começou na última terça-feira, dia 14 de janeiro, e vai até o dia 26 deste mês, no estado do Pará. Este festival é uma importante iniciativa que visa celebrar e divulgar a produção audiovisual de filmes feitos por pessoas negras e povos originários da região amazônica. A programação do evento é totalmente gratuita e está sendo realizada em diferentes locais, como o Museu da Imagem e do Som (MIS), localizado no Palacete Faciola, na cidade de Icoaraci, e em várias ilhas, incluindo Caratateua (Outeiro), Cotijuba, Mosqueiro e Maracujá.
O festival tem como objetivo principal dar visibilidade a produtores locais, incluindo comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas. Através de uma programação diversificada, que inclui exibições de filmes, apresentações musicais, oficinas de formação audiovisual e debates, o evento busca incentivar a formação de novos produtores e a valorização da cultura negra na Amazônia.
Uma das homenagens do festival será para Felipa Maria Aranha, uma líder quilombola da região do Baixo Tocantins, no Pará. Essa homenagem destaca a importância das lideranças locais e o papel que elas desempenham na preservação e promoção da cultura afro-brasileira.
Durante o festival, foram selecionadas 40 obras audiovisuais que serão exibidas. Essas obras foram dirigidas por cineastas negros ou por povos originários e estão divididas em várias categorias, como curtas-metragens, videoclipes, animações e outros formatos. Essa diversidade de obras reflete a riqueza da produção cultural da região.
Até o dia 17 de janeiro, a Estação Cultural de Icoaraci está oferecendo oficinas de fotografia para cinema, direção de arte e continuidade para o cinema. Essas oficinas são ministradas por profissionais renomados do audiovisual amazônico, como Lu Peixe e Maurício Moraes, ambos do Pará, e Francisco Ricardo, do Amazonas. Essas atividades são uma oportunidade valiosa para quem deseja se aprofundar no mundo do cinema e da produção audiovisual.
A abertura oficial do festival está marcada para o dia 18 de janeiro, na Estação Cultural de Icoaraci. O evento começará com a exibição do documentário Ginga Reggae, dirigido pela cineasta Nayra Albuquerque, que é natural do Maranhão. Após a exibição, a festa continua no Espaço Cultural Coisas de Negro, onde o grupo musical Os Falsos do Carimbó e a DJ Cleide Roots, ambos do Pará, farão apresentações.
No dia 22 de janeiro, o festival realizará o Fórum de Cineastas Negros, que conta com o apoio da Associação de Profissionais Negros do Audiovisual. Este fórum será um espaço de troca de experiências e discussões sobre a produção audiovisual negra no Brasil. Nos dias 23 e 24, acontecerão masterclasses sobre coprodução com cinema indígena, com a participação do fotógrafo e comunicador indígena Bitate Juma, de Rondônia, e da cineasta e ativista Beka Munduruku, do Pará. Também haverá oficinas sobre distribuição de curta-metragem, com o diretor e roteirista Uilton Oliveira, e sobre montagem, com o diretor, montador e roteirista Mário Costa, ambos do Pará.
O festival leva o nome de Zélia Amador de Deus, uma figura importante no movimento negro do Pará e da Amazônia. Zélia é atriz, professora universitária e diretora de teatro, além de ser fundadora do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa) e do Grupo de Estudos Afro-Amazônico (Geam/UFPA). Sua contribuição para a cultura e a luta pelos direitos dos negros na região é reconhecida e celebrada através deste festival.
Nesta edição, o festival também premiará os melhores filmes em cinco categorias, que incluem: melhor animação amazônica, melhor filme da região amazônica, melhor videoclipe, melhor filme nacional e melhor projeto em múltiplos formatos. O total de prêmios ultrapassa R$ 9,5 mil, e os vencedores serão anunciados no último dia do festival, 26 de janeiro. Essa premiação é uma forma de incentivar ainda mais a produção audiovisual na região e reconhecer o talento dos cineastas locais.