Copom decide aumento da taxa Selic em meio a incertezas econômicas
Copom se reúne para decidir sobre a Selic.
Notícia publicada em 06/11/2024 07:47 - #economia
O Comitê de Política Monetária, conhecido como Copom, do Banco Central do Brasil, se reunirá nesta quarta-feira, dia 6, para decidir sobre o aumento da taxa básica de juros, a Selic. A expectativa é que a Selic, atualmente em 10,75% ao ano, suba em 0,5 ponto percentual, alcançando 11,25% ao ano. Essa decisão é importante, pois a Selic influencia diretamente a economia do país, afetando o custo do crédito e, consequentemente, o consumo e os investimentos.
Nos últimos meses, o Brasil enfrentou uma série de desafios econômicos, incluindo a alta do dólar e os efeitos da seca, que impactaram os preços de energia e alimentos. Esses fatores geraram incertezas sobre a necessidade de um novo aumento na taxa de juros, que seria o segundo em mais de dois anos. O Copom já havia elevado a Selic em julho deste ano, após um período de cortes que começou em agosto de 2022, quando a taxa estava em 13,75% ao ano.
Na última reunião do Copom, realizada em setembro, os membros do comitê justificaram a necessidade de aumentar os juros devido à resiliência da atividade econômica e às pressões no mercado de trabalho. A decisão de aumentar a Selic é uma medida contracionista, que visa controlar a inflação, que tem se mostrado uma preocupação crescente. O último boletim Focus, uma pesquisa semanal com analistas de mercado, indicou que a expectativa de inflação para 2024 subiu de 4,38% para 4,59%, o que está acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 3% para este ano, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual.
A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou uma alta de 0,44% em outubro, impulsionada principalmente pela bandeira vermelha nas contas de luz e pelo aumento nos preços dos alimentos, que foram afetados pela seca. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia alertado sobre o impacto da seca nos preços dos alimentos e defendeu que o choque de oferta não deve ser resolvido apenas com o aumento dos juros.
A taxa Selic é um dos principais instrumentos do Banco Central para controlar a inflação. Quando a Selic é elevada, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que pode levar a uma desaceleração da economia. Juros mais altos encarecem o crédito, desestimulando o consumo e incentivando a poupança. Por outro lado, quando a Selic é reduzida, o crédito tende a ficar mais barato, o que pode estimular a produção e o consumo, ajudando a controlar a inflação e a impulsionar a atividade econômica.
O Copom se reúne a cada 45 dias, e durante essas reuniões, são feitas análises sobre a evolução da economia brasileira e mundial, além do comportamento do mercado financeiro. A decisão sobre a Selic é tomada após discussões entre os membros do comitê, que é composto pela diretoria do Banco Central.
Para 2024, a meta de inflação estabelecida pelo Banco Central é de 3%, com um intervalo de tolerância que permite que a inflação fique entre 1,5% e 4,5%. As metas para 2025 e 2026 também são de 3%, mantendo o mesmo intervalo de tolerância. O último Relatório de Inflação, divulgado no final de setembro, previa que o IPCA terminaria 2024 em 4,31%, mas essa estimativa foi feita antes da recente alta do dólar e dos impactos da seca. O próximo relatório será divulgado no final de dezembro, e os analistas do mercado estarão atentos a qualquer nova informação que possa influenciar a política monetária do país.