Coluna Prestes completa 100 anos de sua marcha histórica

A Coluna Prestes, considerada a maior marcha militar do mundo, completa hoje, dia 28 de fevereiro de 2023, 100 anos de sua histórica jornada. Este movimento, que percorreu mais de 25 mil quilômetros em um período de dois anos e meio, foi liderado por Luís Carlos Prestes e Miguel Costa, e envolveu cerca de 1.500 homens e mulheres, a maioria soldados de baixa patente. A marcha é um marco importante na história do Brasil, pois nunca foi oficialmente derrotada durante sua trajetória.

Embora o nome mais conhecido seja o de Prestes, muitos historiadores argumentam que o movimento deveria ser chamado de Coluna Miguel Costa - Prestes, em homenagem ao co-comandante Miguel Costa. Ele era um militar argentino naturalizado brasileiro e teve um papel fundamental na Revolta Paulista de 1924, que foi um dos eventos que antecederam a formação da coluna. O jornalista Yuri Abyaza Costa, neto de Miguel Costa, destaca a importância do seu avô, afirmando que sem ele, Prestes não teria alcançado o mesmo destaque na história.

A marcha da Coluna Prestes começou após a derrota dos paulistas na Revolta de 1924, quando os soldados se uniram a Prestes, que liderava um grupo debilitado no Rio Grande do Sul. A partir desse momento, a coluna se tornou um símbolo do Tenentismo, um movimento que buscava reformas políticas e sociais no Brasil.

Luís Carlos Prestes é lembrado por seu lado humano e sua preocupação com os soldados. O jornalista Domingos Meirelles, que estudou a Coluna, afirmou que Prestes era muito querido por suas tropas, dedicando tempo para alfabetizar os soldados e cuidar dos feridos. Apesar de enfrentar o Exército Brasileiro, os maiores desafios da coluna vieram dos latifundiários, que, incentivados pelo governo, formaram grupos armados para combater os rebeldes.

A Coluna Prestes se destacou por sua resistência e por nunca ter sido derrotada. O movimento foi um importante marco de insurreição contra as oligarquias que dominavam a política brasileira na época, um período conhecido como a política do café com leite, onde os presidentes eram alternados entre políticos de São Paulo e Minas Gerais. A composição da coluna era diversa, incluindo muitos soldados analfabetos e trabalhadores rurais.

O historiador Moacir Assunção enfatiza a importância da Coluna na história do Brasil, afirmando que ela inspirou líderes revolucionários como Mao Tse Tung e Fidel Castro. A marcha também teve um papel significativo na transição do Brasil de uma economia agrária para uma industrial, especialmente após a Revolução de 1930.

As principais reivindicações da Coluna incluíam a implementação do voto secreto, a defesa do ensino público e a promoção da justiça social. A socióloga Ana Prestes, neta de Luís Carlos Prestes, ressalta que a força da coluna estava em sua conexão com as bandeiras populares, como o direito ao voto e à alfabetização, e na luta contra a pobreza.

Ana Prestes também destaca que a Coluna foi composta por homens e mulheres que se dedicaram ao Brasil e se conectaram com a população que se sentia abandonada pela República Velha. A resistência da Coluna Prestes deixou um legado importante, enfraquecendo as bases do governo oligárquico e contribuindo para a Revolução de 1930, que resultou na ascensão de Getúlio Vargas ao poder.

A Coluna Prestes, portanto, não apenas representa uma marcha militar, mas também um movimento social e político que buscou mudanças significativas no Brasil, refletindo as aspirações de um povo que clamava por justiça e igualdade. O centenário da Coluna é uma oportunidade para relembrar e refletir sobre a importância desse movimento na formação da história contemporânea do Brasil.