Segurança nos transplantes de órgãos é garantida por exames rigorosos

No Brasil, a segurança dos transplantes de órgãos é uma prioridade, e isso é garantido por meio de uma bateria de exames rigorosos que todos os doadores devem passar. Recentemente, um caso isolado no Rio de Janeiro levantou preocupações sobre a segurança do sistema, mas especialistas garantem que a situação não afeta a confiança no processo de doação e transplante.

Os doadores de órgãos no Brasil são submetidos a uma série de testes obrigatórios, conforme a legislação do Sistema Nacional de Transplantes, que está vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Esses exames incluem testes para HIV, HTLV (um vírus que pode causar câncer), hepatite B, hepatite C, doença de Chagas, além de tipagem sanguínea e hemograma completo. A lista completa de exames pode ser encontrada no site do Sistema Nacional de Transplantes.

A médica infectologista Raquel Stucchi, que faz parte da Comissão de Infecção em Transplantes da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, explica que os doadores são obrigados a passar por esses exames para garantir que não haja risco de transmissão de doenças aos receptores dos órgãos. "Os resultados dos exames precisam ser obtidos rapidamente para que a doação possa prosseguir", afirma Raquel.

O caso que gerou preocupação ocorreu no Rio de Janeiro, onde alguns pacientes transplantados foram diagnosticados com HIV. Raquel Stucchi expressou sua surpresa com a situação, afirmando que nunca havia ocorrido algo semelhante antes. No entanto, ela enfatiza que este é um caso isolado e que está sendo investigado pelas autoridades competentes. Ela acredita que a segurança do sistema de transplantes não foi comprometida.

A presença do HIV no organismo de um doador é um dos principais fatores que impedem a doação de órgãos no Brasil. Outros fatores que também impedem a doação incluem a soropositividade para HTLV e a tuberculose ativa. Raquel Stucchi ressalta que o sistema de transplantes é regido por normas rigorosas que visam proteger a saúde dos pacientes que recebem os órgãos.

O Sistema Nacional de Transplantes é considerado o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo. De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 88% dos transplantes realizados no Brasil são financiados por esse sistema. Em 2023, foram realizados 28.533 transplantes em todo o país.

Apesar do sucesso do programa, as filas para transplantes ainda são longas. Atualmente, 44.816 pessoas aguardam por um transplante de órgão no Brasil. A maioria dessas pessoas, cerca de 41.423, está na fila à espera de um rim. O fígado é o segundo órgão mais solicitado, com 2.321 pessoas na fila, seguido pelo coração, que tem 436 pessoas aguardando. O estado de São Paulo é o que possui o maior número de pessoas na lista de espera, com 21.601 pacientes, enquanto o Rio de Janeiro ocupa a quinta posição, com 2.157 pessoas esperando por um transplante.

Raquel Stucchi destaca a importância da doação de órgãos, afirmando que ela pode salvar vidas e proporcionar uma melhor qualidade de vida para aqueles que precisam. "A doação é extremamente importante para salvar a vida das pessoas que têm o transplante como única opção de tratamento", afirma a médica.

Para aqueles que já foram transplantados e estão preocupados com o recente caso no Rio de Janeiro, Raquel recomenda que procurem seus centros de saúde para esclarecer dúvidas e, se necessário, repetir os exames. Ela garante que as equipes de saúde estão disponíveis para ajudar e que o caso do Rio de Janeiro é único e isolado, não refletindo a segurança do sistema de transplantes como um todo.