MAB realiza atos para lembrar tragédia de Brumadinho
Movimento denuncia falta de responsabilização.
Notícia publicada em 24/01/2025 18:02 - #sociedade_comportamento
A tragédia de Brumadinho, que ocorreu em Minas Gerais há seis anos, ainda deixa marcas profundas na vida das pessoas que foram afetadas. Em 25 de janeiro de 2019, uma barragem da mineradora Vale se rompeu, liberando 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos na bacia do Rio Paraopeba. Esse desastre resultou na morte de 272 pessoas e causou sérios danos ao meio ambiente, contaminando a água e o solo da região. Para lembrar essa data e denunciar a situação atual, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) organizou uma série de eventos em Belo Horizonte nos dias 24 e 25 de janeiro.
O MAB destaca que, até o momento, ninguém foi responsabilizado criminalmente pelo rompimento da barragem ou pelas mortes das vítimas. Segundo a assessoria do movimento, apenas 10% das pessoas afetadas foram reconhecidas nos programas de reparação. Além disso, a Vale cumpriu apenas 1% da dragagem de rejeitos que estava prevista em um acordo firmado após a tragédia.
Impactos na Vida das Pessoas
As consequências da tragédia ainda são visíveis na vida dos moradores da região. Muitas pessoas não conseguiram retomar seu padrão de vida anterior. O MAB informa que muitas famílias dependiam do rio para sua subsistência, como os pescadores, que ainda enfrentam a contaminação das águas. Outras famílias que cultivavam pequenas plantações, especialmente de frutas, também foram severamente afetadas. A poeira e a incerteza sobre a qualidade da terra e da água continuam a ser uma preocupação constante.
Além dos problemas econômicos, a saúde dos atingidos também foi comprometida. Muitas pessoas enfrentam despesas com medicamentos que variam de R$ 300 a R$ 700 por mês. A situação é ainda mais complicada quando se considera que as águas das cisternas estão impróprias para o consumo, obrigando as famílias a gastarem com água potável.
A ruptura da barragem da Vale em Brumadinho é considerada uma das maiores tragédias ambientais e trabalhistas do Brasil. A estrutura que se rompeu tinha a aprovação de auditorias da empresa alemã Tüv Süd, que atestou sua estabilidade.
Falta de Controle e Participação
Uma das principais críticas do MAB é a falta de controle e participação popular no processo de reparação. A mineradora Vale é a responsável por gerenciar a reparação ambiental, o que gera desconfiança entre os atingidos. A tragédia afetou 26 municípios e cerca de 1 milhão de pessoas, mas a gestão do processo não conta com a participação efetiva da população local.
O movimento também alerta para um contrato firmado em 2021 entre o governo de Minas Gerais, a Vale e instituições da Justiça, que prevê o encerramento de vários programas de reparação, mesmo com a maioria das pessoas atingidas ainda sem receber compensações. O MAB destaca que o auxílio emergencial, que é um direito garantido por lei, está sendo reduzido pela metade a partir de março e será encerrado em abril de 2026.
Necessidade de Assessoria Técnica
O MAB defende que é fundamental a participação de uma assessoria técnica independente, composta por advogados, médicos e assistentes sociais, para ajudar os atingidos a entenderem os danos sofridos e as formas de reparação disponíveis. Essa assessoria poderia garantir que as vozes dos afetados sejam ouvidas e que eles participem ativamente do processo de recuperação ambiental.
As atividades programadas para lembrar os seis anos da tragédia incluem assembleias, debates e reuniões com instituições de justiça, culminando em uma marcha pelas ruas de Belo Horizonte. O MAB busca, assim, dar visibilidade à luta dos atingidos e pressionar por mudanças que garantam seus direitos.
A Agência Brasil tentou entrar em contato com a assessoria de comunicação da Vale para obter uma posição sobre as denúncias, mas até o fechamento da matéria, não houve resposta.
A tragédia de Brumadinho continua a ser um lembrete doloroso da necessidade de responsabilidade e justiça para aqueles que sofreram as consequências de um desastre ambiental.