Família de Mãe Bernadete pede R$ 11,8 milhões por danos morais

A família de Mãe Bernadete, uma importante liderança quilombola, decidiu entrar com uma ação judicial pedindo R$ 11,8 milhões em indenização por danos morais. Essa ação foi movida contra a União e o governo da Bahia e tem como objetivo reparar o sofrimento dos três netos da líder, que presenciaram o brutal assassinato de sua avó. Mãe Bernadete, que tinha 72 anos, foi morta em agosto de 2023, sendo atingida por pelo menos 25 tiros.

Mãe Bernadete era uma figura central na luta pela resistência do Quilombo Pitanga dos Palmares, localizado na cidade de Simões Filho, na região metropolitana de Salvador. Ela não apenas era uma yalorixá, ou seja, uma sacerdotisa de um terreiro de candomblé, mas também desempenhava um papel fundamental na articulação política de sua comunidade. Sua morte chocou a população local e levantou questões sobre a segurança e os direitos das comunidades quilombolas.

O Ministério Público da Bahia informou que o assassinato de Mãe Bernadete foi uma retaliação. Ela havia se oposto a um grupo que pretendia construir uma barraca para a venda de drogas dentro da comunidade, o que gerou a ira dos envolvidos. Quatro dos cinco homens denunciados pelo Ministério Público pertencem a uma facção criminosa. Os acusados são Ydney Carlos dos Santos de Jesus, Marílio dos Santos, Arielson da Conceição Santos e Josevan Dionísio dos Santos. Os dois últimos foram identificados como os autores dos disparos que resultaram na morte da líder.

O quinto denunciado, Sérgio Ferreira, é padrasto de Marílio dos Santos e sua participação no crime é considerada significativa. Ele teria fornecido informações e orientações aos autores do assassinato, o que pode ter contribuído para a execução do crime. Além disso, as autoridades estão investigando um sexto homem, Carlos Conceição Santiago, que é acusado de ter armazenado as armas utilizadas no crime.

A ação judicial movida pela família de Mãe Bernadete não é apenas uma busca por reparação financeira, mas também um clamor por justiça e reconhecimento do legado da líder quilombola. A comunidade, que se mobilizou em torno de sua memória, continua a lutar por seus direitos e pela segurança de seus membros. O caso de Mãe Bernadete se tornou um símbolo da luta contra a violência e a opressão enfrentadas pelas comunidades quilombolas no Brasil.

A Agência Brasil entrou em contato com a Advocacia-Geral da União (AGU) e o governo da Bahia para obter uma posição sobre a ação, mas ainda aguarda uma resposta. A morte de Mãe Bernadete e a subsequente ação judicial levantam questões importantes sobre a proteção das lideranças comunitárias e a necessidade de políticas públicas que garantam a segurança e os direitos das comunidades marginalizadas.

A luta por justiça e reparação continua, e a memória de Mãe Bernadete permanece viva entre aqueles que a conheceram e que se inspiram em seu legado de resistência e luta por direitos. A comunidade de Simões Filho e outras comunidades quilombolas ao redor do Brasil seguem unidas, buscando um futuro mais seguro e justo para todos.