Fórum Econômico Mundial em Davos discute desafios globais
Fórum em Davos debate divisão entre Trump e multilateralismo.
Notícia publicada em 22/01/2025 19:02 - #economia
O Fórum Econômico Mundial, que acontece em Davos, na Suíça, está em andamento e traz à tona uma série de discussões importantes sobre a economia global e as políticas internacionais. Este evento, que começou na segunda-feira (20) e vai até sexta-feira (24), reúne líderes políticos, empresários e acadêmicos de todo o mundo. A edição deste ano é marcada pela divisão entre as políticas protecionistas do governo de Donald Trump e a resistência de outras nações, especialmente da União Europeia, em manter um sistema multilateral de comércio e cooperação.
Um dos pontos altos do evento será a participação de Donald Trump, que fará um discurso por videoconferência nesta quinta-feira (23). Essa será a primeira vez que o presidente dos Estados Unidos se pronunciará no Fórum desde 2020, antes do início da pandemia de covid-19. A expectativa em torno de sua fala é grande, especialmente considerando as recentes decisões de seu governo que têm gerado controvérsias e divisões entre os participantes do fórum.
O evento conta com a presença de cerca de 60 chefes de Estado, 130 representantes de governos e 1.600 executivos de aproximadamente 900 empresas. Durante o fórum, serão realizados cerca de 300 painéis de discussão que abordarão temas cruciais, como as mudanças climáticas, a regulação da inteligência artificial, novas fontes de crescimento econômico, o desenvolvimento do capital humano e a reconstrução da confiança global. Esses tópicos são especialmente relevantes, pois muitos deles estão em desacordo com as políticas adotadas por Trump nos primeiros dias de seu mandato.
Logo após assumir a presidência, Trump anunciou a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, um tratado internacional que visa combater as mudanças climáticas. Além disso, ele assinou uma medida que desregulamenta a inteligência artificial e tomou decisões que aumentam o isolamento dos EUA, como a deportação de imigrantes e a revogação do direito à cidadania para filhos de imigrantes nascidos no país. Essas ações têm gerado um clima de tensão e divergência no fórum.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antônio Guterres, fez um discurso nesta quarta-feira (22) em que destacou a importância de enfrentar a crise climática e a necessidade de regular a inteligência artificial. Guterres alertou que essas questões representam novas ameaças que podem desestabilizar a vida em todo o mundo e exigem uma resposta global. Ele enfatizou os benefícios das fontes de energia renováveis e criticou a dependência de combustíveis fósseis, que, segundo ele, é um "monstro que não poupa ninguém". Essas declarações contrastam com a postura de Trump, que, em seu discurso de posse, prometeu aumentar a exploração de petróleo para impulsionar a indústria americana.
As divergências também se refletem entre os empresários presentes no fórum. Enquanto alguns representantes de grandes empresas americanas, como Coca-Cola, Bank of America e Occidental Petroleum, elogiaram as medidas de Trump, especialmente a redução de impostos para empresas, outros, como a presidenta do Banco Santander, Ana Botín, expressaram preocupação com as possíveis elevações de tarifas comerciais. Botín alertou que a União Europeia deve se preparar para um aumento do protecionismo por parte dos Estados Unidos e destacou a necessidade de agir rapidamente para se antecipar a essas mudanças.
A delegação brasileira no Fórum Econômico Mundial, que inicialmente contava com a presença da ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, e do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, acabou sendo reduzida, com apenas Silveira comparecendo ao evento. Entre os representantes políticos do Brasil, estão o governador do Pará, Helder Barbalho, e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso. O governador Barbalho tem como objetivo promover a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em Belém, no mês de novembro.
O Fórum Econômico Mundial em Davos, portanto, se apresenta como um espaço de debates intensos e divergências significativas, refletindo as tensões atuais entre as políticas de Trump e a busca por um mundo mais colaborativo e sustentável.