Vacina contra chikungunya mostra eficácia após um ano
Vacina mantém anticorpos em adolescentes após um ano.
Notícia publicada em 22/01/2025 18:20 - #saude
A vacina contra a chikungunya, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Valneva, apresentou resultados promissores em um estudo recente. De acordo com os dados de um ensaio clínico de Fase 3, 98,3% dos adolescentes imunizados ainda mantinham anticorpos um ano após a aplicação da vacina. Este estudo envolveu 750 adolescentes com idades entre 12 e 17 anos, que residem em áreas onde a chikungunya é comum no Brasil.
Os primeiros resultados do estudo foram divulgados em setembro do ano passado na revista científica The Lancet Infectious Diseases. Naquela ocasião, foi revelado que, após seis meses da vacinação, 99,1% dos participantes ainda apresentavam proteção contra a doença. Isso demonstra a eficácia da vacina em manter a imunidade ao longo do tempo.
O estudo começou a ser realizado no Brasil em 2022 e incluiu jovens de várias cidades, como São Paulo, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Recife, Manaus, entre outras. Essas regiões são conhecidas por terem uma alta circulação do vírus da chikungunya, o que torna a vacinação ainda mais importante.
Antes do estudo no Brasil, ensaios clínicos de Fase 3 já haviam sido realizados nos Estados Unidos, envolvendo cerca de 4 mil voluntários com idades entre 18 e 65 anos. Os resultados mostraram uma imunogenicidade de 98,9%, que se manteve por pelo menos seis meses. Esses dados foram fundamentais para que a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA e a European Medicines Agency (EMA) aprovassem a vacina para uso em adultos.
Com os resultados positivos obtidos tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, o Butantan e a Valneva solicitaram à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a autorização para a aplicação da vacina no Brasil de forma definitiva. Essa autorização é um passo crucial para que a vacina possa ser disponibilizada à população.
Processo de Desenvolvimento da Vacina
O desenvolvimento de uma vacina envolve várias etapas. Inicialmente, a vacina passa por estudos em laboratório, seguidos por testes em animais e, finalmente, por ensaios clínicos em humanos. Esses ensaios são divididos em três fases, que avaliam a produção de anticorpos, segurança e eficácia do imunizante.
Até o momento, tanto os estudos realizados no Brasil quanto nos Estados Unidos indicaram que a vacina contra a chikungunya é segura e bem tolerada. O Instituto Butantan informou que não foram detectados problemas de segurança significativos, e a maioria das reações adversas observadas foram leves ou moderadas.
Após a conclusão dos testes, a vacina ainda precisa ser aprovada por um órgão regulador, como a Anvisa no Brasil. Somente após essa análise e autorização é que a vacina poderá ser utilizada pela população.
O que é a Chikungunya?
A chikungunya é uma doença viral que é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo mosquito que transmite a dengue e o Zika vírus. Os sintomas mais comuns da chikungunya incluem febre alta, dores nas articulações, dor de cabeça, dor muscular, calafrios, dor atrás dos olhos e manchas vermelhas na pele. Em casos mais graves, a doença pode levar a dores crônicas nas articulações, que podem persistir por anos.
A principal forma de prevenção contra a chikungunya é o combate ao mosquito transmissor. Isso envolve a eliminação de criadouros, como água parada em vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas e piscinas sem uso, pois é nesses locais que o mosquito deposita seus ovos.
Nos primeiros dias deste ano, o Brasil já registrou três mortes por chikungunya, conforme dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde. No ano anterior, a doença causou 214 óbitos no país, o que destaca a importância da vacinação e do controle do mosquito para prevenir a disseminação da doença.