Desabamento da ponte entre Maranhão e Tocantins afeta economia local

O desabamento da ponte Juscelino Kubitschek, que liga as cidades de Estreito no Maranhão e Aguiarnópolis no Tocantins, ocorreu há um mês e já está causando sérios problemas econômicos para os moradores da região. O acidente resultou na queda de uma estrutura vital para o transporte rodoviário de cargas, especialmente para o escoamento de produtos agrícolas como milho e soja, que vêm de estados como Mato Grosso, Pará, Tocantins e Piauí.

Até o momento, das 17 pessoas que estavam desaparecidas após o colapso da ponte, 14 já foram localizadas, mas três ainda estão sendo procuradas. A situação é preocupante, pois a economia local depende fortemente do tráfego de caminhões que passavam pela BR-226, onde mais de 2 mil carretas transitavam diariamente. Com a interrupção do tráfego, cerca de 70% das empresas na região estão enfrentando dificuldades significativas.

Os setores de bens e serviços, como lojas, mercados, postos de combustíveis e restaurantes, foram os mais afetados. O vice-presidente da Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agronegócios das Micro, Pequenas e Médias Empresas de Estreito e Região (Acisape), Bernardo Maciel, relatou que muitas empresas foram forçadas a reduzir suas operações, demitir funcionários ou até mesmo mudar de cidade para continuar funcionando.

Um exemplo claro dessa crise é o relato de um proprietário de uma loja de material de construção, que afirmou que o movimento caiu mais de 70%. Em outro caso, um posto de combustíveis que costumava vender entre 40 e 50 mil litros por dia agora está comercializando apenas 4 a 5 mil litros.

A situação é ainda mais crítica para empresas que fornecem peças e serviços para veículos pesados. Sebastião Henrique Dório, um dos proprietários de uma concessionária, disse que o faturamento diário não é mais suficiente para cobrir as despesas. Ele destacou que a empresa depende do fluxo de carretas que passavam pela ponte e que, sem esse movimento, a situação se tornou insustentável.

Outro empresário, Tiago Wendler, que atua no ramo de peças e serviços para caminhões, também relatou uma queda de 80% no movimento. Ele mencionou que, desde o desabamento da ponte, a empresa conseguiu pagar apenas cinco boletos de fornecedores, enquanto antes pagava mais de dez por dia.

Além das empresas de transporte e serviços, o impacto econômico se estendeu a supermercados, açougues e lojas de vestuário. Albert Pereira, um açougueiro local, viu suas vendas caírem 84% após o acidente, já que seus principais clientes eram restaurantes e churrascarias que dependiam do tráfego na BR-226.

Diante desse cenário alarmante, associações locais estão buscando ajuda do governo. Elas ingressaram com uma ação civil pública pedindo medidas emergenciais, semelhantes às que foram adotadas em situações de desastres naturais, como cheias no Rio Grande do Sul. Os empresários estão solicitando a criação de um fundo emergencial para apoiar as famílias afetadas e a abertura de linhas de crédito para micro e pequenas empresas que sofreram prejuízos.

Recentemente, o governo federal anunciou a liberação de R$ 793 mil para Estreito e R$ 397 mil para Aguiarnópolis, destinados a ações de defesa civil. O Banco do Nordeste do Brasil também autorizou operações de capital de giro com carência de até 24 meses.

Outra medida que está sendo solicitada é a implementação de balsas para o transporte de pessoas e veículos, o que poderia ajudar a minimizar os impactos da queda da ponte. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que a empresa contratada para operar as balsas já está no local, mas aguarda licenças para iniciar as operações.

As buscas pelos três desaparecidos continuam, utilizando embarcações e drones, já que os mergulhos foram suspensos devido ao aumento do volume do Rio Tocantins.

A situação é crítica e a comunidade local aguarda ansiosamente por soluções que possam ajudar a restaurar a normalidade e a atividade econômica na região.