Brasil enfrenta aumento alarmante de áreas queimadas em 2024
Aumento de 79% nas queimadas no Brasil em 2024.
Notícia publicada em 22/01/2025 07:47 - #meio_ambiente
O Brasil viveu um aumento significativo nas áreas queimadas em 2024, com um crescimento de 79% em comparação ao ano anterior. Os dados foram divulgados pelo Monitor do Fogo do MapBiomas, que revelou que, entre janeiro e dezembro de 2024, 30,8 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo. Essa área queimada é maior do que o território da Itália e representa a maior extensão registrada desde 2019.
Esse aumento alarmante corresponde a 13,6 milhões de hectares a mais do que o total de áreas queimadas em 2023. A maior parte da vegetação afetada, cerca de 73%, era de vegetação nativa, com destaque para as formações florestais. Os pesquisadores apontam que esse crescimento nas queimadas está ligado a um longo período de seca que o Brasil enfrentou, resultado do fenômeno El Niño, que provocou o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico entre 2023 e 2024.
A coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar, enfatizou a urgência de ações coordenadas para enfrentar essa crise ambiental, que é agravada por condições climáticas extremas e pela ação humana. Ela destacou que a devastação das áreas queimadas exige um engajamento em todos os níveis da sociedade para conter essa situação crítica.
Os estados mais afetados pelo fogo em 2024 foram Pará, Mato Grosso e Tocantins, que juntos somaram 16,8 milhões de hectares de área queimada. Em dezembro, o Brasil registrou uma área queimada equivalente a um território um pouco menor que o Líbano, com 1,1 milhão de hectares consumidos pelo fogo, representando 3,6% do total de áreas queimadas no ano.
Biomas e suas áreas queimadas
A Amazônia foi o bioma mais atingido, com 17,9 milhões de hectares queimados, o que representa 58% do total de áreas afetadas no Brasil. Dentro da Amazônia, cerca de 6,8 milhões de hectares eram de formação florestal, enquanto as pastagens queimadas somaram aproximadamente 5,8 milhões de hectares. O pesquisador do MapBiomas Fogo, Felipe Martenexen, alertou que a mudança no padrão de queimadas é preocupante, pois as áreas florestais atingidas pelo fogo ficam mais vulneráveis a novos incêndios. Ele ressaltou que o fogo na Amazônia não é um fenômeno natural, mas sim resultado de ações humanas.
Em dezembro, a Amazônia respondeu por 88% das queimadas no Brasil, com 37,5% da área florestal sendo consumida. No Cerrado, foram 9,7 milhões de hectares queimados, dos quais 85% eram de vegetação nativa, principalmente savanas. Comparado a 2023, o Cerrado teve um aumento de 91% na área queimada, sendo essa a maior extensão desde 2019. A pesquisadora Vera Arruda explicou que, embora o Cerrado tenha evoluído com a presença do fogo, o que se observa atualmente é um aumento significativo das queimadas, principalmente devido a atividades humanas e mudanças climáticas.
Outros biomas também foram afetados: o Pantanal teve 1,9 milhão de hectares queimados, a Mata Atlântica registrou 1 milhão de hectares, o Pampa teve 3,4 mil hectares atingidos e a Caatinga somou 330 mil hectares. O pesquisador Eduardo Vélez destacou que, desde o início da série histórica em 2019, o Pampa teve a menor área queimada, o que está relacionado aos efeitos do fenômeno El Niño, que trouxe grandes chuvas no primeiro semestre de 2024, resultando em enchentes em maio.
Esses dados alarmantes sobre as queimadas no Brasil em 2024 ressaltam a necessidade urgente de ações efetivas para proteger o meio ambiente e as áreas naturais do país. A combinação de fatores climáticos e ações humanas tem contribuído para um cenário preocupante, que exige atenção e medidas concretas para evitar a devastação das florestas e a perda da biodiversidade.