Artistas da Amazônia lutam pela preservação da floresta

Artistas amazônicos usam arte para defender a floresta.

Artistas da Amazônia lutam pela preservação da floresta

Notícia publicada em 14/01/2025 08:40 - #cultura


A Amazônia é um lugar rico em cultura e biodiversidade, e muitos artistas da região têm utilizado suas habilidades para defender a floresta e os direitos dos povos indígenas. Um exemplo notável é o poeta e escritor indígena Tiago Hakiy, que vê a poesia como uma ferramenta poderosa para expressar a realidade de seu povo e a importância da preservação ambiental.

Tiago Hakiy, que pertence ao povo sateré-mawé, nasceu na comunidade Freguesia do Andirá, no Amazonas. Desde pequeno, ele se sentia desconectado da literatura que encontrava na escola, que falava sobre realidades distantes da sua. Em suas palavras, “os livros falavam sobre tubarões e frutas que eu nunca tinha visto ou comido”. Essa desconexão o motivou a escrever sobre sua própria cultura e a realidade dos povos da Amazônia. Seu livro mais recente, Abecedário Poético da Floresta, lançado em novembro, é uma celebração da cultura amazônica e uma forma de acolher os espíritos da floresta.

A trajetória de Tiago mudou quando ele conheceu o escritor Daniel Munduruku, que o incentivou a escrever sobre sua ancestralidade. “Se nós não continuarmos escrevendo sobre nossos povos, o apagamento cultural vai continuar acontecendo”, disse Daniel. Essa conversa fez com que Tiago passasse a valorizar a riqueza cultural de seu povo e a importância da floresta, que fornece alimento, moradia e inspiração.

Atualmente, Tiago Hakiy tem 44 anos e já publicou 17 obras. Ele acredita que a literatura pode gerar empatia e engajamento em relação à luta pelos direitos dos povos indígenas e pela preservação da Amazônia. “Queremos que as pessoas também cuidem dos nossos rios, das nossas árvores, dos nossos pássaros”, afirma. Para ele, a preservação da floresta é crucial não apenas para o Brasil, mas para todo o planeta.

Outro exemplo de artista engajada é Marciele Albuquerque, uma indígena do povo Munduruku e cunhã-poranga do Boi Caprichoso, que participa do famoso Festival de Parintins, no Amazonas. Durante o festival, os bois Caprichoso e Garantido se enfrentam em um espetáculo de cores e danças, mas também trazem mensagens importantes sobre a crise climática e a preservação dos povos tradicionais. Marciele destaca que, ao se apresentar, busca ir além da beleza física e expressar a força e a ancestralidade de seu povo. Ela tem participado de eventos internacionais, como a Semana do Clima da ONU, onde defende a luta contra as mudanças climáticas.

A arte também é uma forma de ativismo para Maria Flor, uma travesti e artista ambiental que nasceu e cresceu nas margens do Rio Tapajós, em Santarém. Para ela, o corpo é um “território e ferramenta de comunicação”. Maria Flor começou a fazer intervenções artísticas em 2016, utilizando a moda e performances para conectar a luta pelos direitos das pessoas transgêneras com a defesa da Amazônia. Ela se preocupa com a degradação ambiental que observa ao seu redor e utiliza sua arte para conscientizar as pessoas sobre a importância de cuidar da floresta.

Maria Flor criou a marca de roupas Mulambra Grif, que mistura questões ambientais com a identidade de gênero. Suas peças são feitas à mão e inspiradas na fauna e flora da Amazônia, utilizando materiais reciclados. Ela acredita que a moda pode ser uma forma de resistência e empoderamento, e busca mostrar às pessoas de onde vêm as roupas que usam, alertando sobre a conexão entre consumo e destruição ambiental.

Esses artistas, entre outros, estão contribuindo para um movimento crescente de defesa da Amazônia, utilizando suas vozes e talentos para chamar a atenção para a importância da preservação da floresta e dos direitos dos povos que nela habitam. A arte se torna, assim, um meio de resistência e uma forma de expressar a luta por um futuro mais sustentável e justo para todos.

Essas iniciativas fazem parte da série Trilhas Amazônicas, que discute os impactos das mudanças climáticas e as respostas necessárias para lidar com elas, especialmente em um momento em que a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) será realizada em Belém, no final deste ano. A arte e a cultura se mostram, portanto, como aliadas na luta pela preservação da Amazônia e na valorização das vozes indígenas.


Wiki: Tiago Hakiy (poeta)
Tiago Hakiy é um poeta brasileiro contemporâneo, conhecido por sua abordagem inovadora e sensível à poesia. Nascido em [local de nascimento], em [data de nascimento], Hakiy começou a escrever ainda na adolescência, influenciado por diversos gêneros literários e pela rica tradição poética do Brasi... Ver wiki completa