Estudo revela baixa eficiência das operações policiais no Rio

Um estudo realizado pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF) trouxe à tona dados preocupantes sobre a eficiência das operações policiais na região metropolitana do Rio de Janeiro. De acordo com a pesquisa, a taxa de eficiência das mais de 22 mil ações policiais analisadas nos últimos 18 anos é de apenas 1,4%. Mesmo quando se considera as operações que tiveram resultados razoavelmente positivos, a taxa não ultrapassa 16%.

Os pesquisadores avaliaram as operações policiais com base em três critérios principais. O primeiro critério considerou se houve prisões ou se houve vítimas, como feridos ou mortos. O segundo critério analisou se houve apreensão de armas e drogas ou recuperação de bens. Por fim, o terceiro critério se referiu às motivações das operações, que incluíam mandados de busca e apreensão, repressão ao tráfico, disputas entre grupos criminosos, entre outros.

As operações que obtiveram as melhores notas foram aquelas que não resultaram em mortes ou feridos, mas que conseguiram realizar prisões e apreensões. Além disso, essas operações foram motivadas pelo cumprimento de mandados judiciais ou por demandas urgentes da população. As notas atribuídas às operações variam de -12 a +15. Por exemplo, uma operação que não causou mortes recebe uma nota positiva de 4 pontos, enquanto ações que resultaram em três mortes ou mais perdem 5 pontos.

Para classificar a eficiência das operações, os pesquisadores definiram algumas faixas de notas. As operações são consideradas eficientes quando obtêm notas entre 14 e 15. Já aquelas com notas entre 11 e 13,5 são consideradas razoavelmente eficientes. As operações que ficam entre 7 e 10,5 pontos são classificadas como pouco eficientes, enquanto aquelas com notas entre 1 e 6,5 são consideradas ineficientes. Por fim, operações que obtêm 0,5 ponto ou menos são classificadas como desastrosas.

Dos mais de 22 mil casos analisados, 8,9% foram considerados desastrosos, 30% ineficientes e 45,3% pouco eficientes. Em um levantamento anterior, realizado em 2021, a eficiência das operações era de 1,7%, com 13,4% sendo consideradas razoavelmente eficientes e 12,5% desastrosas.

O pesquisador Daniel Hirata, que participou do estudo, destacou que esses números são um grande indicador da disfuncionalidade da segurança pública no Rio de Janeiro. Ele afirmou que, embora as operações policiais sejam necessárias devido ao cenário de violência na cidade, elas se tornaram rotineiras e não têm sido acompanhadas por um sistema de controle que busque aumentar a eficiência dessas ações.

Recentemente, uma operação policial no complexo de favelas de Israel, na zona norte do Rio, foi suspensa após algumas horas, quando seis civis foram baleados, resultando na morte de três deles. Essa operação tinha como objetivo combater roubos de veículos e cargas na região, mas acabou causando transtornos significativos para os serviços de saúde e educação, além de afetar o trânsito na Avenida Brasil, uma das principais vias da cidade. A Polícia Militar informou que apenas uma pessoa foi presa e duas granadas foram apreendidas durante a ação.

Em resposta aos incidentes, o governo do Rio de Janeiro decidiu reforçar o policiamento na Avenida Brasil e nas principais vias de acesso. O governador Cláudio Castro se reuniu com a cúpula da segurança pública e determinou que os batalhões operacionais da Polícia Militar intensificassem suas ações, utilizando viaturas, motopatrulhas e helicópteros para garantir a segurança de quem trafega e reside nas proximidades da principal via expressa da cidade.

Esses dados e eventos recentes levantam questões importantes sobre a eficácia das operações policiais e a necessidade de uma abordagem mais eficiente e responsável na segurança pública do Rio de Janeiro.