Crianças e adolescentes enfrentam ofensas na internet
Estudo revela riscos do uso da internet por jovens.
Notícia publicada em 23/10/2024 16:32 - #sociedade_comportamento
Recentemente, uma pesquisa chamada TIC Kids Online Brasil 2024 revelou que três em cada dez crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos já foram ofendidos na internet. Esses dados foram divulgados pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e mostram que 29% dos jovens entrevistados enfrentaram situações ofensivas ou discriminatórias online, o que os deixou chateados. Além disso, 30% desses jovens já tiveram contato com desconhecidos na internet, o que representa um risco significativo para a segurança deles.
A coordenadora da pesquisa, Luísa Adib, destacou que os adolescentes mais velhos são os que mais se expõem a esses riscos, pois são mais ativos nas redes sociais e em aplicativos de mensagens. Isso torna ainda mais importante a necessidade de mediação e orientação sobre o uso seguro dessas plataformas.
Outro dado alarmante da pesquisa é que 24% das crianças e adolescentes gostariam de passar menos tempo na internet, mas não conseguem. Além disso, 22% afirmaram que muitas vezes navegam sem interesse, e essa mesma porcentagem disse que o uso excessivo da internet os impediu de realizar tarefas escolares ou de passar tempo com a família e amigos. Luísa enfatizou que esses dados são cruciais para o debate sobre a qualidade do uso da internet por jovens e a necessidade de estabelecer regras que melhorem essa experiência.
Um estudo anterior, realizado pelo Instituto Alana e divulgado pelo Datafolha, também abordou a questão do uso excessivo da internet. Os resultados mostraram que 93% dos entrevistados acreditam que as crianças estão se tornando viciadas em redes sociais. Além disso, 92% concordam que é difícil para os jovens se protegerem de conteúdos inadequados e violências online. A pesquisa também revelou que 87% dos entrevistados acreditam que a publicidade direcionada a crianças nas redes sociais incentiva o consumo excessivo.
A coordenadora do programa Criança e Consumo do Instituto Alana, Maria Mello, afirmou que a população percebe que as empresas de redes sociais não estão fazendo o suficiente para proteger os jovens na internet. Ela sugeriu que as empresas deveriam implementar medidas como a verificação de identidade dos usuários, melhorar o atendimento ao consumidor para denúncias e limitar o tempo de uso dos serviços.
Luísa Adib também ressaltou que a responsabilidade pelo uso seguro da internet não deve recair apenas sobre os pais. Ela destacou que é fundamental que as empresas e o Estado também desempenhem um papel ativo na educação e conscientização sobre o uso da internet. Os pais podem estabelecer regras e limites, mas é necessário um esforço coletivo para garantir a segurança das crianças online.
A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024 também revelou que 93% das crianças e adolescentes têm acesso à internet, embora tenha havido uma leve queda em relação ao ano anterior, quando esse número era de 95%. O acesso é maior na região Sul do Brasil, onde 98% dos jovens têm acesso, enquanto na região Norte esse número cai para 85%. Além disso, a pesquisa mostrou que o acesso à internet varia entre as classes sociais, com 99% de acesso entre as classes A e B, enquanto nas classes D e E esse número é de 91%.
A pesquisa foi realizada com 2.424 crianças e adolescentes e seus responsáveis, entre março e julho de 2024. O TIC Kids Online Brasil é uma pesquisa anual que analisa o uso da internet por jovens desde 2012, exceto em 2020 devido à pandemia de covid-19. Os dados coletados são essenciais para entender os desafios e riscos que as crianças e adolescentes enfrentam no ambiente digital, além de ajudar a criar políticas e orientações que promovam um uso mais seguro e saudável da internet.