Julgamento da BHP por desastre em Mariana avança na Inglaterra

O julgamento que investiga a responsabilidade da mineradora BHP pelo desastre da barragem de Mariana, ocorrido em 2015, entrou em seu segundo dia na Inglaterra. Este caso é de grande importância, pois envolve a vida de muitas pessoas e o impacto ambiental causado pelo rompimento da barragem. Os advogados que representam as vítimas continuam a apresentar suas alegações, buscando responsabilizar a BHP, que, por meio de sua subsidiária BHP Brasil, era uma das sócias da Samarco, a empresa que operava a barragem.

No primeiro dia do julgamento, os advogados do escritório Pgust Goodhead, que representam cerca de 620 mil pessoas, 1.500 empresas e 46 municípios afetados pelo desastre, argumentaram que as decisões na Samarco eram tomadas em conjunto pelos representantes da BHP e da Vale, a outra mineradora envolvida. Eles afirmaram que o Conselho de Administração da Samarco era composto majoritariamente por representantes das duas empresas, sem a presença de membros independentes, o que, segundo eles, comprometeu a gestão e a segurança da barragem.

Os advogados também destacaram que a BHP tinha conhecimento dos riscos associados ao despejo excessivo de resíduos na barragem, mas mesmo assim permitiu que essa prática continuasse. Essa alegação é crucial, pois sugere que a empresa não apenas falhou em sua responsabilidade, mas também ignorou os alertas sobre a segurança da estrutura.

Defesa da BHP

Nos próximos dias, especificamente na quarta e quinta-feira, será a vez dos advogados da BHP apresentarem sua defesa. A empresa já se manifestou por meio de uma nota, na qual refuta as acusações sobre seu controle sobre a Samarco. A BHP argumenta que a joint venture sempre operou de forma independente, com gestão própria, e que não pode ser responsabilizada pelas decisões tomadas pela Samarco.

O julgamento está previsto para se estender até março de 2025. Durante esse período, além das alegações iniciais das partes envolvidas, especialistas em direito ambiental, societário e civil brasileiro serão convocados para contribuir com o processo. Isso é importante porque, embora o julgamento ocorra na Inglaterra, a decisão da justiça britânica será baseada na legislação brasileira, que rege a situação.

Além disso, especialistas em geotecnia também serão ouvidos para explicar os fatores que levaram ao rompimento da barragem. Essa etapa do julgamento é fundamental, pois a justiça britânica precisa determinar se a BHP é de fato responsável pelo desastre. Caso a responsabilidade seja confirmada, um novo julgamento será necessário para definir os valores das indenizações a serem pagas às vítimas e aos municípios afetados.

Impacto do Desastre

O rompimento da barragem de Mariana foi uma das maiores tragédias ambientais do Brasil, resultando em mortes, destruição de comunidades e danos irreparáveis ao meio ambiente. A lama que se espalhou pela região causou a contaminação de rios e solo, afetando a vida de milhares de pessoas e a fauna e flora locais. A busca por justiça e reparação é um tema recorrente entre os atingidos, que esperam que as empresas envolvidas sejam responsabilizadas por suas ações.

O julgamento da BHP é um passo importante para que as vítimas do desastre possam ter suas vozes ouvidas e, quem sabe, receber a compensação que merecem. A expectativa é que a justiça britânica leve em consideração todos os aspectos apresentados durante o julgamento e tome uma decisão que reflita a gravidade da situação.

A luta por justiça em casos como o de Mariana é um lembrete da importância de uma gestão responsável e segura das atividades mineradoras, que devem priorizar a segurança das comunidades e a preservação do meio ambiente. O desfecho deste julgamento pode ter implicações significativas não apenas para as vítimas, mas também para a indústria de mineração como um todo, que deve aprender com os erros do passado para evitar novas tragédias no futuro.