Chanceler Mauro Vieira lidera delegação brasileira na Cúpula do Brics

O Brasil estará representado na Cúpula do Brics, que ocorrerá na cidade de Kazan, na Rússia, entre os dias 22 e 24 deste mês, pelo chanceler Mauro Vieira, que é o ministro das Relações Exteriores do país. Essa decisão foi tomada após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofrer um acidente em casa no último sábado, dia 19. Por recomendação médica, Lula deve evitar viagens longas e, por isso, participará do evento por videoconferência, enquanto continua a trabalhar normalmente em Brasília.

A Cúpula do Brics, que é um grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, contará com a presença de 32 países, sendo que 23 deles terão seus chefes de Estado presentes. É importante destacar que, entre os dez membros plenos do bloco, apenas o Brasil e a Arábia Saudita não enviarão seus líderes máximos. A Arábia Saudita, assim como o Brasil, também optou por enviar seu ministro das Relações Exteriores.

Este encontro é significativo, pois será o primeiro a incluir os novos membros que se juntaram ao Brics neste ano. Além dos países já mencionados, o bloco agora conta com a adesão do Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Etiópia. A inclusão desses novos membros representa uma expansão do grupo e uma tentativa de aumentar sua influência no cenário global.

Durante a cúpula, os países membros discutirão a possibilidade de convidar novos parceiros para se tornarem membros associados do Brics. O embaixador Eduardo Paes Saboia, que é o secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, comentou sobre a importância de definir critérios para essa nova categoria de membros. Ele expressou a expectativa de que, uma vez aprovados esses critérios, novos países possam ser anunciados como convidados para integrar o bloco.

Outro ponto importante que será abordado na cúpula é a busca por alternativas ao uso do dólar nas transações comerciais entre os países do Brics. Os membros do bloco também pretendem discutir formas de fortalecer instituições financeiras que possam atuar como alternativas ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial, que são dominados por potências ocidentais. Essa discussão é especialmente relevante para países que enfrentam bloqueios econômicos, como Irã e Rússia, que veem no Brics uma oportunidade de contornar as dificuldades impostas por sanções financeiras.

Os especialistas acreditam que o Brics desempenha um papel crucial na superação das barreiras comerciais e tecnológicas que os Estados Unidos e seus aliados impõem, especialmente em relação à China. O Brasil, por sua vez, busca equilibrar sua posição entre os dois principais blocos geopolíticos em disputa, a fim de aproveitar os benefícios comerciais e tecnológicos que podem surgir dessa relação.

Estima-se que o Brics represente cerca de 36% do Produto Interno Bruto (PIB) global, superando o G7, que é composto pelas maiores economias do mundo, como Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha, que juntos representam cerca de 30% do PIB mundial. Além disso, o Brics abriga aproximadamente 42% da população mundial, o que demonstra sua relevância no cenário econômico global.

A participação do Brasil na Cúpula do Brics, mesmo que por meio do chanceler Mauro Vieira, é uma oportunidade para o país reafirmar sua posição no bloco e discutir questões que podem impactar sua economia e relações internacionais. A expectativa é que as discussões levem a decisões que possam fortalecer a cooperação entre os países membros e ampliar a influência do Brics no cenário global.