Campinas registra aumento de casos de coqueluche em 2023

Campinas, uma cidade localizada no interior de São Paulo, está enfrentando um aumento significativo no número de casos de coqueluche. Desde o início de 2023, foram registrados 24 casos da doença, o que representa o maior número desde 2019. Para se ter uma ideia da gravidade da situação, em anos anteriores, como em 2018, foram contabilizados 54 casos, enquanto em 2014 e 2012 os números foram ainda mais altos, com 124 e 88 casos, respectivamente. Diante desse cenário, a prefeitura de Campinas está alertando a população sobre a importância da vacinação como uma medida essencial de prevenção, especialmente para as crianças com menos de cinco meses, que são as mais vulneráveis e podem enfrentar formas graves da doença, que podem até levar à morte.

A coqueluche é uma infecção respiratória causada pela bactéria Bordetella Pertussis. Essa doença é altamente contagiosa e afeta o sistema respiratório, incluindo a traqueia e os brônquios. Os principais sintomas da coqueluche são ataques de tosse seca, que podem ser muito intensos. A transmissão ocorre principalmente por meio de tosse, espirros ou até mesmo conversas com pessoas infectadas. Os sintomas da coqueluche se manifestam em três estágios diferentes. No primeiro estágio, que é o mais leve, os sintomas se assemelham aos de um resfriado comum, como mal-estar, corrimento nasal, tosse seca e febre baixa. Essa fase inicial pode durar várias semanas, e durante esse período, a pessoa infectada está mais propensa a transmitir a doença.

No segundo estágio, a tosse seca começa a se intensificar, e a pessoa pode apresentar crises de tosse severas e descontroladas, que podem dificultar a respiração. Essas crises podem ser tão intensas que podem causar vômitos ou um cansaço extremo. Os sintomas da coqueluche geralmente duram entre seis e dez semanas. A médica infectologista da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, Valéria de Almeida, destaca que a coqueluche, também conhecida como "tosse comprida", pode ser uma doença muito grave, especialmente para crianças menores de seis meses. No passado, antes da introdução da vacina, a coqueluche era uma das principais causas de morte entre crianças.

A vacinação é uma ferramenta crucial na luta contra a coqueluche. Em Campinas, a cobertura da vacina pentavalente, que protege contra a coqueluche, difteria, tétano, hepatite B e Haemophilus influenzae tipo B, foi de 94,97% no ano passado. A meta estabelecida pela saúde pública é de 95%. A vacina pentavalente é administrada em três doses, aos 2, 4 e 6 meses de idade, e reforços são dados com a vacina DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche. A vacina é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é considerada segura. Além disso, a vacinação em gestantes é recomendada, pois ajuda a produzir anticorpos que protegem os recém-nascidos nos primeiros meses de vida.

Diante do aumento dos casos de coqueluche, o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica recomendando a ampliação e intensificação da vacinação contra a doença em todo o Brasil. O documento sugere que estados e municípios reforcem as ações de vigilância epidemiológica para monitorar os casos de coqueluche. A nota também amplia a indicação do uso da vacina dTpa (tríplice bacteriana acelular tipo adulto) para trabalhadores da saúde que atuam em diversas áreas, como ginecologia, obstetrícia, UTIs e pediatria. Profissionais que trabalham em berçários e creches onde há crianças de até quatro anos também devem ser imunizados.

A imunidade à coqueluche em crianças é adquirida somente após a administração das três doses da vacina, e reforços são necessários aos 15 meses e aos 4 anos de idade. É importante ressaltar que bebês com menos de seis meses estão em risco elevado de complicações graves devido à coqueluche, que pode até levar à morte. O ministério alerta que adultos, mesmo aqueles que foram vacinados na infância, podem se tornar suscetíveis à doença novamente, pois a eficácia da vacina pode diminuir com o tempo. Por isso, a vacinação precoce das crianças é fundamental para protegê-las contra essa infecção respiratória.