Suspensão da Coleta de Íris pela Autoridade de Proteção de Dados
Suspensão da coleta de íris no Brasil.
Notícia publicada em 24/01/2025 21:47 - #sociedade_comportamento
A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) decidiu que a empresa Tools for Humanity (TFH) deve parar imediatamente a coleta de íris de pessoas no Brasil. Essa decisão foi tomada após a ANPD iniciar uma fiscalização sobre como a empresa estava lidando com dados biométricos, que são informações sensíveis relacionadas à identidade das pessoas. A TFH, que foi fundada em 2019 e tem sede em São Francisco, nos Estados Unidos, e em Munique, na Alemanha, se apresenta como uma empresa de tecnologia que desenvolve projetos voltados para a era da inteligência artificial.
A coleta de íris tinha como objetivo alimentar uma plataforma chamada World ID, que prometia ajudar a comprovar que uma pessoa é um ser humano único e vivo. A ideia era que isso aumentasse a segurança digital, especialmente em um momento em que as ferramentas de inteligência artificial estão se tornando cada vez mais comuns. No entanto, a ANPD avaliou que a oferta de criptomoedas ou qualquer outra forma de compensação financeira para as pessoas que permitissem a coleta de seus dados biométricos era uma violação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
A LGPD estabelece que o consentimento para o tratamento de dados pessoais sensíveis, como os dados biométricos, deve ser livre, informado e inequívoco. Isso significa que as pessoas precisam entender claramente o que está acontecendo com seus dados e dar permissão de forma consciente. A ANPD considerou que a forma como a TFH estava oferecendo compensações financeiras não atendia a esses requisitos.
Além disso, especialistas em proteção de dados expressaram preocupações sobre os riscos associados ao escaneamento da íris. Karen Borges, que é gerente adjunta da Assessoria Jurídica do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), alertou que ainda não se sabe como essas informações biométricas podem ser utilizadas, especialmente quando combinadas com algoritmos avançados e inteligência artificial. Isso poderia abrir portas para abusos, crimes e irregularidades, o que é uma preocupação significativa em um mundo cada vez mais digital.
A situação é ainda mais alarmante considerando que, até o momento, mais de um milhão de pessoas já baixaram o aplicativo da TFH no Brasil, e mais de 400 mil delas permitiram que suas íris fossem escaneadas. Isso levanta questões sobre a conscientização das pessoas em relação aos riscos envolvidos na coleta de dados biométricos e na utilização de tecnologias que podem comprometer sua privacidade.
A decisão da ANPD de suspender a coleta de íris é um passo importante para proteger os direitos dos cidadãos brasileiros em relação à sua privacidade e à segurança de seus dados pessoais. A ANPD tem a responsabilidade de garantir que as empresas que lidam com dados pessoais sigam as normas estabelecidas pela LGPD e respeitem os direitos dos titulares de dados.
Essa situação também destaca a necessidade de uma maior educação e conscientização sobre a proteção de dados pessoais. As pessoas precisam estar cientes dos riscos associados ao compartilhamento de suas informações biométricas e entender a importância de dar consentimento de forma informada e consciente. A proteção de dados é um tema que deve ser discutido amplamente, especialmente em um momento em que a tecnologia avança rapidamente e novas formas de coleta de dados estão surgindo.
Em resumo, a suspensão da coleta de íris pela TFH é uma medida necessária para proteger os direitos dos cidadãos e garantir que as empresas respeitem a legislação de proteção de dados. A ANPD está desempenhando um papel crucial na fiscalização e na promoção de um ambiente digital mais seguro e respeitoso em relação à privacidade das pessoas.