Entenda os Sorotipos da Dengue e a Preocupação com o DENV-3

A dengue é uma doença viral que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente em países tropicais como o Brasil. Ela é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e é causada por um vírus que pertence à família dos flavivírus. Existem quatro sorotipos do vírus da dengue: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Cada um desses sorotipos pode causar diferentes níveis de gravidade na infecção, variando de casos assintomáticos a quadros graves da doença.

O Ministério da Saúde do Brasil tem alertado a população sobre a importância de entender esses sorotipos, pois a infecção por um deles não garante proteção contra os outros. Isso significa que uma pessoa pode ser infectada até quatro vezes, uma vez para cada sorotipo. O ministério também destaca que, embora a infecção por um sorotipo ofereça proteção permanente contra ele, a proteção contra os outros é temporária. Infecções consecutivas podem aumentar o risco de formas mais graves da dengue, especialmente quando envolvem os sorotipos 2 e 3.

O Sorotipo DENV-3

Recentemente, o sorotipo DENV-3 tem chamado a atenção das autoridades de saúde, pois foi detectado em várias regiões do Brasil, incluindo São Paulo, Minas Gerais, Amapá e Paraná. O aumento de casos foi especialmente notável nas últimas semanas de dezembro. O DENV-3 não circulava de forma predominante no país desde 2008, o que significa que uma grande parte da população pode estar suscetível a ele.

O DENV-3 é considerado um dos sorotipos mais virulentos do vírus da dengue, o que significa que ele tem um maior potencial de causar formas graves da doença. Estudos mostram que, após uma segunda infecção por qualquer sorotipo, a probabilidade de desenvolver quadros mais graves aumenta, independentemente da sequência dos sorotipos envolvidos. Isso é especialmente preocupante, pois a introdução de um novo sorotipo em uma população que já foi exposta a outros pode resultar em epidemias significativas.

Medidas de Prevenção

Diante da circulação dos quatro sorotipos da dengue no Brasil, o Ministério da Saúde enfatiza a necessidade de intensificar as medidas de prevenção. Algumas das ações recomendadas incluem: - Eliminar focos de água parada: O mosquito Aedes aegypti se reproduz em água parada, por isso é fundamental eliminar qualquer recipiente que possa acumular água. - Usar repelentes: A aplicação de repelentes na pele e nas roupas pode ajudar a evitar picadas de mosquito. - Instalar telas de proteção: Colocar telas em janelas e portas pode impedir a entrada do mosquito em casa.

Além disso, é importante que as pessoas fiquem atentas aos sintomas da dengue, que incluem febre, dores de cabeça, dores atrás dos olhos e manchas vermelhas na pele. Caso haja suspeita de dengue, especialmente se surgirem sinais de alarme como dor abdominal intensa, vômitos persistentes e sangramentos, é essencial procurar assistência médica imediatamente.

Campanha de Conscientização

Com mais de 93 mil casos prováveis de dengue registrados e 11 mortes confirmadas apenas nas primeiras semanas de 2025, o Ministério da Saúde lançou uma campanha de conscientização e combate às arboviroses. Essa campanha não se limita apenas à dengue, mas também abrange outras doenças transmitidas pelo mosquito, como zika e chikungunya.

O foco da campanha é informar a população sobre os sintomas das doenças e incentivar a busca por atendimento médico em caso de suspeita. Os estados que estão recebendo mais atenção nessa campanha incluem Acre, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Tocantins e Distrito Federal.

O ministério também destaca a importância da vacinação contra a dengue como uma estratégia preventiva. Atualmente, a vacina Qdenga está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) apenas para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, e a disponibilidade de doses depende do fornecimento pelos fabricantes.

Centro de Operações de Emergência

Para coordenar as ações de combate à dengue e outras arboviroses, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, criou o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública para Dengue e outras Arboviroses (COE Dengue). O objetivo é planejar e responder de forma eficaz, mantendo um diálogo constante com estados, municípios, pesquisadores e instituições científicas.

Entre as ações planejadas estão a antecipação ao período sazonal da dengue, a mitigação de riscos para evitar casos e óbitos, e a ampliação das medidas preventivas. O ministério já prevê um aumento na incidência de casos de dengue em pelo menos seis estados brasileiros em 2025, e todos eles estão sendo monitorados de perto.

Reunião de Alinhamento

No dia 22 de janeiro, a ministra Nísia Trindade se reunirá com representantes de diversos conselhos, sociedade civil, sindicatos e instituições de saúde para alinhar estratégias e ações de controle da dengue e outras arboviroses. Essa reunião é mais uma medida do Ministério da Saúde para articular ações estratégicas e monitorar o cenário epidemiológico em todo o país.