Relatório da Oxfam revela aumento da concentração de renda

A concentração de renda cresce rapidamente no mundo.

Relatório da Oxfam revela aumento da concentração de renda

Notícia publicada em 20/01/2025 09:02 - #sociedade_comportamento


Um novo relatório da Oxfam, uma organização não governamental internacional, trouxe à tona dados alarmantes sobre a concentração de renda no mundo. O estudo, que analisa a situação econômica global, revela que o ritmo de enriquecimento dos mais ricos aumentou significativamente em 2024, especialmente em comparação com os anos anteriores, incluindo o período da pandemia de covid-19.

De acordo com o relatório, 204 novos bilionários surgiram no planeta no último ano, e o enriquecimento dos super-ricos triplicou em relação a 2023. Atualmente, existem cerca de 2.900 bilionários no mundo, que, em média, ganharam US$ 2 milhões por dia. Os dez mais ricos, por sua vez, enriqueceram em média US$ 100 milhões por dia. Para se ter uma ideia da disparidade, uma pessoa que recebe um salário mínimo no Brasil levaria 109 anos para ganhar R$ 2 milhões, enquanto, pela cotação atual, demoraria 650 anos para acumular US$ 2 milhões.

O relatório da Oxfam também destaca que, se as tendências atuais continuarem, o número de trilionários pode aumentar de um para cinco na próxima década. Enquanto isso, o Banco Mundial aponta que o número de pessoas vivendo na pobreza não mudou significativamente desde 1990. Os dados mostram que 44% da população mundial vive com menos de US$ 6,85 por dia.

Em termos de crescimento econômico, o Produto Interno Bruto (PIB) global aumentou cerca de 3,2%, conforme dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O PIB global, que era de US$ 33,86 trilhões em 2000, alcançou US$ 106,7 trilhões em 2023. Apesar desse crescimento, a extrema pobreza ainda afeta 9% da população mundial, uma redução em relação aos 29,3% registrados em 2000. O relatório revela que os 10% mais ricos do mundo detêm 45% de toda a riqueza.

No Brasil, a situação não é diferente. Viviana Santiago, diretora executiva da Oxfam Brasil, explica que a desigualdade no país é complexa. Enquanto milhões enfrentam fome e insegurança alimentar, um pequeno grupo de pessoas acumula riquezas imensas. Durante a pandemia, por exemplo, o Brasil viu o surgimento de dez novos bilionários, enquanto muitos perderam seus empregos e foram forçados a viver nas ruas. Atualmente, menos de 100 pessoas no Brasil possuem R$ 146 bilhões.

Viviana destaca que a desigualdade é exacerbada por um sistema fiscal que não tributa adequadamente os mais ricos e favorece a evasão fiscal. Enquanto isso, a população pobre compromete 70% de sua renda com consumo, que é taxado. Essa dinâmica resulta em uma correlação entre a riqueza de poucos e a miséria de muitos, especialmente no Brasil, onde as elites se beneficiam de um sistema que perpetua a desigualdade.

O relatório da Oxfam também aponta que a concentração de riqueza está ligada a fatores históricos, como o colonialismo, e à centralização de instituições financeiras no chamado Norte Global. A dificuldade em combater a concentração de renda é agravada por políticas que penalizam as populações mais pobres, como altas taxas sobre alimentos e medicamentos, além de empréstimos com juros elevados.

A Oxfam sugere que a situação global só não é pior devido ao crescimento econômico da Ásia, especialmente da China, que conseguiu tirar milhões da pobreza. No entanto, a falta de comprometimento institucional para mudar essa realidade é evidente. O relatório revela que, desde 2022, a maioria dos países tem reduzido os orçamentos destinados à educação, saúde e proteção social, além de retroceder em direitos trabalhistas e salários mínimos.

Viviana Santiago ressalta que a lógica colonial de exploração ainda persiste, com elites que priorizam a produção em detrimento da distribuição social da riqueza. O relatório da Oxfam apresenta propostas para enfrentar essa situação, como:

  • Reduzir radicalmente a desigualdade: Estabelecer metas globais e nacionais para diminuir a disparidade entre os mais ricos e os mais pobres.
  • Reparar as feridas do colonialismo: Reconhecer e se desculpar pelos crimes cometidos durante o colonialismo, além de garantir reparações às vítimas.
  • Tributar os mais ricos: Implementar uma política tributária que favoreça a taxação dos mais ricos para reduzir a desigualdade.
  • Promover a cooperação Sul-Sul: Formar alianças entre países do Sul Global para promover trocas equitativas e reduzir a dependência de potências coloniais.

Essas propostas visam criar um mundo mais justo e equitativo, onde a riqueza seja distribuída de maneira mais igualitária, garantindo qualidade de vida para todos.


Wiki: Oxfam (organização)
Oxfam é uma confederação internacional de organizações não governamentais (ONGs) que atuam em prol do combate à pobreza e à desigualdade social em diversas partes do mundo. Fundada em 1942, em Oxford, Reino Unido, a Oxfam surgiu inicialmente como uma resposta à crise de fome na Grécia durante a S... Ver wiki completa