Polícia do Rio de Janeiro realiza operação contra facção criminosa

Ação da polícia resulta em prisões e tiroteios.

Polícia do Rio de Janeiro realiza operação contra facção criminosa

Notícia publicada em 15/01/2025 14:22 - #sociedade_comportamento


As forças de segurança do Rio de Janeiro, incluindo a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (Gaeco/MPRJ), realizaram uma operação significativa nesta quarta-feira, dia 15. A ação, parte da Operação Torniquete, ocorreu no Conjunto de Favelas do Alemão e na Penha, localizados na zona norte da cidade. Até o momento, sete pessoas foram presas durante a operação, conforme informou a Secretaria de Polícia Civil (Sepol).

A operação foi marcada por um intenso tiroteio, que foi amplamente relatado por moradores nas redes sociais. A chegada das forças de segurança foi dificultada por diversas barreiras montadas pelos criminosos, que tentaram atrasar a entrada dos policiais na comunidade. Informações iniciais indicam que um policial foi ferido no ombro e dois suspeitos também foram atingidos durante os confrontos.

Esta fase da operação tem como objetivo cumprir 14 mandados de prisão contra membros da facção criminosa conhecida como Comando Vermelho. Esses indivíduos estão envolvidos em um esquema financeiro chamado Caixinha do CV, que é uma forma de arrecadação de dinheiro dentro da organização criminosa. O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) informou que os alvos foram denunciados à justiça por crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro, relacionados ao tráfico de drogas. As investigações revelaram que o esquema movimentou cerca de R$ 21.521.290,38 em mais de 4.888 operações financeiras.

Os mandados de prisão foram expedidos pela 1ª Vara Criminal Especializada e estão sendo cumpridos em várias localidades, incluindo Bangu, Jacarepaguá, Engenho da Rainha, Nova Iguaçu, Ramos, Copacabana, Cordovil, Santo Cristo e até mesmo em outros estados, como Bahia e Paraíba.

O sistema de arrecadação da facção funciona através de taxas mensais cobradas de líderes de pontos de venda de drogas nas comunidades sob seu controle. Em troca, esses líderes têm acesso à marca da organização, fornecedores de entorpecentes, suporte logístico e apoio bélico. O MPRJ detalhou que os valores arrecadados são centralizados e utilizados para financiar diversas atividades criminosas, como a compra de drogas e armamentos, expansão territorial, pagamento de propinas, assistência a membros presos e outros crimes, como extorsões e roubos de cargas e veículos.

Além dos operadores do fundo da facção, a operação também visa atingir os beneficiários desse esquema, incluindo familiares de integrantes da organização criminosa. O financiamento da facção é alimentado por uma série de crimes que impactam diretamente a população, como roubo e furto de veículos e de cargas, além de extorsões e disputas por territórios.

As investigações, que contaram com o uso de tecnologia avançada, foram conduzidas pelo Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (Lab-LD). Esse laboratório revelou um esquema sofisticado que movimentou milhões de reais provenientes de atividades ilícitas. O MPRJ também informou que, com base em evidências coletadas, foram autorizadas quebras de sigilo fiscal e bancário dos investigados, permitindo um acesso detalhado às movimentações financeiras suspeitas.

O uso de tecnologia avançada para cruzar dados foi fundamental para identificar a rede de pessoas envolvidas e as contas utilizadas no esquema criminoso. A Secretaria de Segurança Pública destacou que um dos principais objetivos da segunda fase da Operação Torniquete, que teve início em setembro de 2024, é a asfixia financeira das organizações criminosas e de seus beneficiários, incluindo familiares de faccionados, sejam eles presos ou em liberdade. Até agora, essa operação já resultou em mais de 300 prisões.

A operação é um reflexo do esforço contínuo das autoridades para combater o crime organizado no Rio de Janeiro e desmantelar as estruturas financeiras que sustentam essas facções. A luta contra o tráfico de drogas e a criminalidade na cidade é um desafio constante, e ações como a Operação Torniquete são essenciais para tentar restaurar a segurança e a ordem nas comunidades afetadas.


Wiki: Comando Vermelho (facção criminosa)
O Comando Vermelho (CV) é uma facção criminosa brasileira, originada no final da década de 1970, no sistema penitenciário do Rio de Janeiro. A facção surgiu como uma resposta à opressão e à violência dentro das prisões, onde os detentos se uniram para se proteger e lutar contra as condições desum... Ver wiki completa