Museu Nacional de Belas Artes está quase pronto para reabertura
Reforma do Museu Nacional de Belas Artes avança.
Notícia publicada em 14/01/2025 09:37 - #cultura
O Museu Nacional de Belas Artes, localizado na Praça da Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, está passando por uma reforma significativa que já alcançou mais de 90% de conclusão. As obras começaram em 2020 e, segundo os arquitetos responsáveis, a expectativa é que a reabertura total do museu ocorra apenas em 2026. O museu, que está fechado para visitação desde o início das obras, abriga um dos maiores acervos de arte do Brasil, com cerca de 70 mil itens, incluindo obras icônicas como Primeira Missa no Brasil e Batalha dos Guararapes, ambas de Victor Meirelles.
Recentemente, o museu celebrou o 88º aniversário da sua criação, que ocorreu em 1937, com a assinatura do Decreto-Lei 378 pelo então presidente Getúlio Vargas. Para marcar a data, foi realizada uma palestra com os arquitetos envolvidos na reforma, que destacaram a importância do projeto para a preservação do patrimônio cultural brasileiro.
Apesar de a reabertura completa estar prevista para 2026, a diretora do museu, Daniela Matera, anunciou que eventos e atividades serão realizados ao longo deste ano em áreas que já estão liberadas. A ideia é abrir ao público a lojinha, o café e o teatro, além de permitir o funcionamento do centro de pesquisa e do centro de documentação. Também está nos planos a criação de uma nova identidade visual para o museu.
A reforma é a maior já realizada no edifício, que possui 20.958 metros quadrados. As obras incluem a restauração da fachada, onde foram recuperados os relevos em terracota, baixos-relevos, nichos e medalhões que retratam membros da Missão Artística Francesa, que chegou ao Brasil em 1816. Além disso, todas as esquadrias e vidros foram restaurados, e um projeto de proteção contra incêndio foi desenvolvido para a parte interna do museu.
O edifício do Museu Nacional de Belas Artes é mais antigo do que a própria instituição. Construído entre 1906 e 1908, durante as modernizações urbanísticas do prefeito Pereira Passos, o prédio foi o primeiro local de funcionamento da Escola Nacional de Belas Artes. O arquiteto Adolfo Morales de Los Rios foi responsável pelo projeto, que incluía muitos elementos decorativos e exigiu a importação de materiais, como portões de ferro da Alemanha.
O arquiteto João Legal Leal, que está à frente da reforma, expressou satisfação com o andamento das obras, mas ressaltou a necessidade de manter rotinas de conservação para evitar danos futuros. Ele enfatizou que a restauração é um processo contínuo e que a manutenção do museu deve ser uma prioridade constante.
Um dos principais desafios da reforma foi a cúpula central do museu. Inicialmente, havia um projeto para demolir e reconstruir a cúpula, mas, após discussões com arquitetos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), decidiu-se por uma abordagem diferente: a recuperação da estrutura existente, focando na impermeabilização e no tratamento dos materiais. Essa mudança foi motivada pela preocupação com a repercussão que a demolição poderia ter na percepção pública do museu.
A deterioração da cúpula estava relacionada a infiltrações de água da chuva, e a nova proposta visa prolongar a vida útil da estrutura, que não havia recebido manutenção adequada em mais de 100 anos. A proposta de recuperação foi aprovada por diversas instituições, incluindo o Iphan e o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
Antes da reabertura completa, ainda será necessário realizar a reforma do sistema elétrico, que contará com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A Shell, petrolífera que é patrocinadora master do museu, também está contribuindo financeiramente para a climatização e para a renovação das atividades educativas e exposições.
Além disso, a Associação de Amigos e Colaboradores do Museu Nacional de Belas Artes (ABA) está apoiando a atualização do acervo de arte contemporânea e o desenvolvimento do projeto executivo para o uso do cine-teatro. Com todas essas iniciativas, o Museu Nacional de Belas Artes se prepara para um futuro promissor, onde poderá continuar a desempenhar um papel fundamental na cultura e na educação artística do Brasil.