Teste pode prever quedas em idosos com 6 meses de antecedência

As quedas entre idosos são um problema sério e comum, sendo uma das principais causas de morte nessa faixa etária. Muitas vezes, essas quedas ocorrem em situações cotidianas, como ao descer escadas, tropeçar na rua ou até mesmo cair da própria altura. Além de serem perigosas, as quedas podem resultar em ferimentos que afetam a mobilidade e, em casos mais graves, podem levar à morte. Por isso, é fundamental encontrar maneiras de prevenir esses acidentes.

Um estudo recente realizado pelo Laboratório de Avaliação e Reabilitação do Equilíbrio (L.A.R.E.) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP) trouxe novas informações sobre como avaliar o risco de quedas em idosos. Publicado na revista BMC Geriatrics, o estudo sugere que os testes de equilíbrio e mobilidade realizados atualmente durante as consultas médicas podem não ser suficientes para prever quedas futuras.

A importância dos testes de equilíbrio
Atualmente, recomenda-se que os idosos façam testes de equilíbrio anualmente durante suas consultas de rotina. Esses testes geralmente envolvem manter-se em diferentes posições por 10 segundos, como ficar em pé com os pés paralelos ou em uma posição unipodal (apenas em um pé). No entanto, a coordenadora do L.A.R.E., Daniela Cristina Carvalho de Abreu, afirma que esse tempo é muito curto para uma avaliação eficaz. Ela explica que 10 segundos podem não ser suficientes para identificar problemas iniciais de equilíbrio.

O estudo e seus resultados
O estudo foi realizado entre 2015 e 2019 e envolveu 153 participantes com idades entre 60 e 89 anos, residentes em Ribeirão Preto e região. Os pesquisadores descobriram que o teste de equilíbrio poderia ser mais eficaz se os idosos conseguissem manter-se em duas posições desafiadoras (tandem e unipodal) por 30 segundos cada. Durante o estudo, os voluntários foram avaliados por seis meses, e os resultados mostraram que aqueles que sofreram quedas conseguiram manter-se na posição unipodal por uma média de apenas 10,4 segundos e na posição tandem por 17,5 segundos. Em contraste, os que não caíram mantiveram-se na posição unipodal por 17,2 segundos e na tandem por 24,8 segundos.

Recomendações para a prática médica
Os resultados do estudo indicam que o teste de equilíbrio proposto é uma ferramenta valiosa para prever quedas nos próximos seis meses. A coordenadora do estudo recomenda que esse teste seja incluído nas consultas anuais de saúde dos idosos, pois pode ajudar a identificar aqueles que estão em risco de quedas. A ideia é que, ao realizar o teste em apenas duas posições e por um tempo maior, os profissionais de saúde possam ter uma visão mais clara do equilíbrio do paciente.

Além disso, a pesquisadora sugere que o teste deve ser repetido pelo menos uma vez para que o idoso se familiarize com ele. Essa abordagem mais detalhada também permitiria a inclusão de outros testes, como o de velocidade de marcha, que poderia fortalecer ainda mais a previsão do risco de quedas.

Facilidade de implementação
Uma das grandes vantagens do teste de equilíbrio proposto é que ele é simples e de baixo custo. Não requer equipamentos especializados e pode ser realizado em espaços pequenos. A capacitação da equipe de saúde para aplicar o teste é mínima, o que facilita sua inclusão nas consultas de rotina. A implementação desse teste na Atenção Básica poderia ajudar a prevenir quedas, promover um envelhecimento saudável e reduzir os custos com tratamentos de lesões decorrentes de quedas.

Limitações e considerações finais
É importante ressaltar que os testes de equilíbrio, tanto os atuais quanto os propostos, são apenas uma triagem inicial. O estudo destaca que, além desses testes, é necessário realizar avaliações mais detalhadas para entender se o desequilíbrio está relacionado a outros fatores, como fraqueza muscular, problemas sensoriais ou articulares. Portanto, embora o teste de equilíbrio seja uma ferramenta útil, ele deve ser parte de uma avaliação mais abrangente da saúde do idoso.