Pesquisadora sugere união internacional para regular redes sociais

A pesquisadora Débora Salles, que coordena o Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, defende que o Brasil deve buscar parcerias com outros países para regular as redes sociais. Em uma entrevista à Agência Brasil, ela comentou sobre a recente decisão da Meta, empresa responsável por plataformas como Facebook e Instagram, de reduzir a moderação de conteúdos potencialmente prejudiciais.

Salles destaca que essa mudança representa um menor controle sobre o que é publicado e visualizado pelos usuários. Segundo ela, a Meta admite que tem o poder de decidir o que pode ou não ser visto, mas não oferece transparência sobre essas decisões. Isso significa que, a partir de agora, os critérios para remoção de conteúdos serão menos rigorosos.

A pesquisadora explica que, embora conteúdos ilegais e criminosos ainda sejam removidos, opiniões e questões mais subjetivas poderão permanecer nas plataformas. Isso pode resultar em um cenário de menor transparência, o que é preocupante, pois a sociedade precisa entender como as plataformas operam para lidar melhor com os impactos que elas causam.

Salles também critica a decisão da Meta de encerrar parcerias com organizações que realizavam a checagem de informações. Ela acredita que deixar essa responsabilidade nas mãos dos usuários é problemático, pois não há clareza sobre como as denúncias são avaliadas. Isso pode levar a uma situação em que conteúdos prejudiciais permaneçam no ar, enquanto a checagem de informações de qualidade é comprometida.

A pesquisadora ressalta que a falta de transparência dificulta a responsabilização das plataformas. Para ela, a regulação é essencial, e a experiência da Europa deve servir de exemplo para o Brasil. A regulação europeia, embora não perfeita, demonstrou que é possível garantir a segurança nas plataformas sem comprometer a liberdade de expressão.

Salles também menciona que as redes sociais da Meta têm uma grande penetração no Brasil, o que torna difícil qualquer ação coercitiva, como a suspensão de plataformas. Ela acredita que o Brasil, por si só, pode não ter força suficiente para enfrentar essas empresas, e que uma aliança com outros países da América Latina pode ser uma solução viável.

A pesquisadora conclui que é necessário criar critérios claros de transparência e responsabilidade para as empresas que operam no Brasil. Isso inclui exigir acesso a dados e garantir direitos aos usuários, que muitas vezes são deixados à mercê das decisões arbitrárias das plataformas.

A Meta foi contatada para comentar sobre as críticas, mas não respondeu. Essa situação levanta questões importantes sobre o papel das redes sociais na sociedade e a necessidade de uma regulação eficaz que proteja os usuários e promova um ambiente digital mais seguro e transparente.