Polícia prende suspeito de ataque a assentamento do MST

Na tarde do último sábado (11), a Polícia Civil de São Paulo anunciou a prisão de um dos suspeitos envolvidos no ataque que resultou na morte de duas pessoas em um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Tremembé, interior do estado. O crime ocorreu na noite de sexta-feira (10), no assentamento Olga Benário, localizado na Estrada Canegal, por volta das 23 horas.

As vítimas fatais foram identificadas como Valdir do Nascimento, conhecido como Valdirzão, de 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos. Valdirzão era uma das lideranças do assentamento e sua morte, junto com a de Gleison, deixou a comunidade em estado de choque. Além das duas mortes, o ataque deixou seis pessoas feridas, que foram rapidamente levadas para atendimento médico.

A polícia informou que o suspeito detido, conhecido como Nero do Piseiro, é considerado o mentor intelectual do crime. Ele já tinha um histórico criminal por porte ilegal de arma de fogo. Testemunhas relataram que viram os criminosos chegando ao local em carros e motos, o que ajudou na identificação de Nero.

O caso foi registrado na Delegacia Seccional de Taubaté, onde as autoridades estão investigando os crimes sob as acusações de homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo. A Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Taubaté está à frente das investigações e busca entender as motivações por trás do ataque.

De acordo com a polícia, a principal linha de investigação aponta para uma disputa por terras na área do assentamento. O MST afirmou que a região onde o assentamento está localizado tem atraído o interesse de investidores imobiliários, especialmente para projetos voltados ao turismo de lazer. Essa situação tem gerado um clima de tensão e insegurança para as famílias que vivem no assentamento.

O MST, em comunicado, destacou que o Assentamento Olga Benário enfrenta uma intensa especulação imobiliária, o que tem resultado em ameaças e coerções constantes contra os moradores. O movimento criticou a falta de ação efetiva por parte dos órgãos estaduais e federais, mesmo após diversas denúncias sobre a situação de insegurança enfrentada pelas famílias assentadas.

O assentamento Olga Benário está situado em Tremembé, a cerca de 140 quilômetros da capital paulista, na região do Vale do Paraíba. Segundo informações do MST, o ataque foi realizado por um grupo de aproximadamente 10 homens, que utilizaram cinco carros e duas motos para chegar ao local.

Diante da gravidade do ocorrido, o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou que a Polícia Federal inicie um inquérito para investigar o ataque. Uma equipe da PF, composta por agentes, peritos e papiloscopistas, já foi enviada para Tremembé para dar início às investigações e coletar evidências sobre o caso.

A situação no assentamento Olga Benário é um reflexo das tensões que existem em várias áreas rurais do Brasil, onde a luta por terra e a especulação imobiliária frequentemente resultam em conflitos violentos. O MST, que tem uma longa história de luta pela reforma agrária e pelos direitos dos trabalhadores rurais, continua a chamar a atenção para a necessidade de proteção e segurança para as comunidades que vivem em assentamentos.

O ataque em Tremembé é um lembrete da importância de garantir a segurança das lideranças e das famílias que habitam essas áreas, além de ressaltar a urgência de uma resposta efetiva por parte das autoridades para proteger os direitos dos trabalhadores rurais e evitar que tragédias como essa se repitam.