Ouvidoria da PM e entidades reagem à morte de criança em Santos
Entidades repudiam morte de menino em operação policial.
Notícia publicada em 07/11/2024 11:32 - #sociedade_comportamento
A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo e diversas entidades de defesa dos direitos humanos expressaram sua indignação e repúdio pela morte de um menino de apenas 4 anos, identificado como Ryan da Silva Andrade Santos, durante uma operação da Polícia Militar na noite de terça-feira, dia 5, no Morro São Bento, em Santos. O caso gerou uma onda de protestos e críticas à forma como a polícia tem atuado em comunidades mais vulneráveis.
Ryan estava brincando na calçada em frente à casa de uma prima quando foi atingido por um disparo. Segundo um porta-voz da PM, tudo indica que o tiro foi disparado por um policial militar, considerando a dinâmica do ocorrido. Além de Ryan, outros dois adolescentes também foram atingidos: Gregory Ribeiro Vasconcelos, de 17 anos, que morreu no local, e um jovem de 15 anos, que foi socorrido e passou por cirurgia, mas não corre risco de vida.
As entidades que assinam a nota de repúdio, incluindo a Associação Amparar, a Bancada Feminista, o Centro de Direitos Humanos e Educação Popular, e vários deputados estaduais, afirmam que é inaceitável que a morte de crianças seja considerada um resultado aceitável da atuação policial. A nota destaca que essa situação se tornou cada vez mais comum, especialmente em bairros pobres e nas periferias do estado de São Paulo.
A nota conjunta critica a gestão da Secretaria da Segurança Pública e o comando da PM, afirmando que a polícia tem agido de forma violenta e desmedida, sem controle efetivo sobre os abusos cometidos. As entidades ressaltam que a atual gestão tem promovido ações que se assemelham a execuções sumárias, onde os policiais se sentem legitimados a agir com truculência, negligenciando o profissionalismo e a proteção dos direitos humanos.
Além do caso de Ryan, as organizações lembraram de outros incidentes trágicos, como o de uma criança de 7 anos que perdeu a visão após ser atingida por um disparo durante uma operação da PM em Paraisópolis. Outro caso mencionado foi o de Edneia Fernandes Silva, uma mãe de seis filhos que foi morta por um tiro na cabeça durante uma intervenção policial em Santos, na chamada Operação Verão.
As entidades afirmam que a morte de Ryan não é um caso isolado, mas sim uma consequência de uma abordagem policial que prioriza o uso da força em vez da proteção dos cidadãos. Eles enfatizam que essa forma de atuação resulta em mortes e violações de direitos fundamentais, especialmente nas áreas mais carentes do estado.
O pai de Ryan
Outro ponto destacado na nota é a morte do pai de Ryan, Leonel Andrade dos Santos, que foi morto pela Polícia Militar no início deste ano. Ele foi alvo da polícia durante a segunda fase da Operação Escudo/Verão, sob a alegação de que ele estava envolvido em atividades criminosas e havia sacado uma arma. No entanto, familiares e vizinhos afirmam que não houve uma abordagem adequada e que Leonel era deficiente físico. As organizações alegam que ele e um vizinho foram executados pelos policiais, o que gera um impacto profundo nas famílias e mina a confiança das comunidades na polícia.
As entidades de defesa dos direitos humanos afirmam que o estado de São Paulo precisa de uma polícia que atue de forma profissional, investigando crimes graves e respeitando a lei, em vez de perpetuar um ciclo de violência e morte. Eles pedem uma mudança na abordagem policial, que deve focar em combater o crime organizado de maneira eficaz, sem gerar mais violência nas comunidades.
A morte de Ryan e os eventos que a cercam levantam questões sérias sobre a atuação da polícia em áreas vulneráveis e a necessidade urgente de reformas que garantam a proteção dos direitos humanos e a segurança da população.