Copom aumenta taxa de juros para 11,25% ao ano

Banco Central eleva Selic em meio a incertezas econômicas.

Copom aumenta taxa de juros para 11,25% ao ano

Notícia publicada em 06/11/2024 19:20 - #economia


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu, por unanimidade, aumentar a taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia, em 0,5 ponto percentual, elevando-a para 11,25% ao ano. Essa decisão foi influenciada por diversos fatores, incluindo a alta do dólar e a preocupação com a inflação, tanto no Brasil quanto no cenário econômico global.

A elevação da Selic marca um novo ciclo de aumento na política monetária, que já havia passado por um período de cortes. Entre agosto de 2022 e agosto de 2023, a taxa ficou em 13,75% ao ano e, posteriormente, foram realizados seis cortes de 0,5 ponto e um de 0,25 ponto. A taxa foi mantida em 10,5% ao ano nas reuniões de junho e julho, mas agora, com a nova alta, o Copom retoma o aumento da Selic, que já havia começado em setembro com um aumento de 0,25 ponto.

Em um comunicado, o Copom destacou que a incerteza econômica nos Estados Unidos aumentou, o que pode impactar a economia brasileira. Embora não tenha mencionado diretamente a eleição do ex-presidente Donald Trump, o texto fez referência à situação econômica incerta no país, o que gera dúvidas sobre a desaceleração e a desinflação, além da postura do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos.

No que diz respeito à economia brasileira, o Copom também expressou preocupação com a política fiscal do país, enfatizando a necessidade de ajustes nos gastos públicos. O comitê ressaltou que uma política fiscal sólida e comprometida com a sustentabilidade da dívida é essencial para controlar as expectativas de inflação e reduzir os riscos associados aos ativos financeiros.

A Situação da Inflação

A Selic é uma ferramenta crucial para o Banco Central controlar a inflação, que é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em setembro, o IPCA subiu 0,44%, impulsionado principalmente pelo aumento nas contas de luz e pelos preços dos alimentos, que foram afetados pela seca no início do ano. O IPCA acumulou uma alta de 4,42% nos últimos 12 meses, aproximando-se do teto da meta de inflação estabelecida para este ano. Para 2024, a meta de inflação foi fixada em 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Isso significa que o IPCA não poderia ultrapassar 4,5% nem ficar abaixo de 1,5% neste ano.

O Banco Central, em seu último Relatório de Inflação, aumentou a previsão para o IPCA em 2024 para 4,31%, mas essa estimativa pode ser revisada devido à alta do dólar e aos efeitos da seca prolongada sobre os preços. O próximo relatório será divulgado no final de dezembro.

As expectativas do mercado também se tornaram mais pessimistas. De acordo com o boletim Focus, que é uma pesquisa semanal com instituições financeiras, a inflação oficial deve fechar o ano em 4,59%, o que está acima do teto da meta. Um mês atrás, as estimativas estavam em 4,38%.

O Copom atualizou suas previsões sobre a inflação, prevendo que o IPCA chegue a 4,6% em 2024, 3,9% em 2025 e 3,6% no acumulado em 12 meses até o final do primeiro trimestre de 2026. Essas previsões são baseadas em um horizonte ampliado, que considera o cenário da inflação em até 18 meses.

Impacto do Aumento da Selic

O aumento da taxa Selic tem como objetivo conter a inflação, pois juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam tanto a produção quanto o consumo. No entanto, essa medida também pode dificultar o crescimento econômico. O Banco Central revisou sua projeção de crescimento para a economia em 2024 para 3,2%, após uma expansão de 3,1% do PIB em 2023.

A taxa básica de juros é utilizada nas negociações de títulos públicos e serve como referência para outras taxas de juros na economia. Ao aumentar a Selic, o Banco Central busca controlar a demanda excessiva que pressiona os preços, já que juros mais altos tornam o crédito mais caro e incentivam a poupança.

Por outro lado, quando o Copom decide reduzir a Selic, o objetivo é baratear o crédito e estimular a produção e o consumo, mas isso pode enfraquecer o controle sobre a inflação. Para cortar a Selic, o Banco Central precisa ter certeza de que os preços estão sob controle e não correm o risco de subir novamente.


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O Banco Central do Brasil (BCB) é a instituição responsável pela política monetária do país, atuando como o banco dos bancos e regulador do sistema financeiro nacional. Criado em 31 de dezembro de 1964, o Banco Central tem como principais objetivos garantir a estabilidade do poder de compra da mo... Ver wiki completa