Desmatamento na Amazônia apresenta queda significativa
Desmatamento na Amazônia cai 30,6% em um ano.
Notícia publicada em 06/11/2024 21:17 - #meio_ambiente
O desmatamento na Amazônia Legal, que abrange nove estados brasileiros, apresentou uma redução de 30,6% no período de agosto de 2023 a julho de 2024. Essa informação foi divulgada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em um relatório que mostra que a área desmatada totalizou 6.288 quilômetros quadrados (km²). Este resultado é considerado um marco, pois representa o menor índice de desmatamento em 15 anos, segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
O monitoramento do desmatamento é realizado pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), que utiliza tecnologia de satélites para medir a supressão florestal. O Prodes é reconhecido por sua precisão, conseguindo detectar mudanças na cobertura florestal com uma margem de erro de apenas 10 metros. Essa apuração é feita anualmente, durante as estações mais secas da floresta, o que garante dados mais confiáveis.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, comentou sobre os resultados, destacando que a redução do desmatamento nos últimos dois anos foi de 45%. Ela enfatizou a importância desse resultado, não apenas para o Brasil, mas também para o mundo, especialmente em um momento em que a mudança climática se torna uma preocupação crescente. Marina citou eventos climáticos extremos que ocorreram em várias partes do mundo, como geadas na África e enchentes na Espanha, para ilustrar a gravidade da situação.
Analisando os dados por estado, Rondônia se destacou com a maior redução, apresentando uma queda de 62,5% no desmatamento. Outros estados, como Mato Grosso e Pará, também mostraram resultados positivos, com reduções de 45,1% e 28,4%, respectivamente. No entanto, Roraima registrou um aumento de 53% no desmatamento, o que é motivo de preocupação.
Entre os 70 municípios que são considerados prioritários para o combate ao desmatamento, 78% deles apresentaram uma diminuição na derrubada de árvores. Apesar dos avanços, 23% desses municípios ainda mostraram um aumento na supressão florestal.
A redução do desmatamento na Amazônia também teve um impacto positivo nas emissões de gases de efeito estufa. O governo federal estimou que, com essa diminuição, cerca de 359 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) deixaram de ser emitidas na atmosfera. O CO2 é um dos principais gases responsáveis pelo aquecimento global, e sua redução é crucial para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
Organizações da sociedade civil celebraram a queda no desmatamento, mas também ressaltaram a necessidade de continuar avançando. Mariana Napolitano, diretora de estratégia do WWF-Brasil, comentou que, embora a redução seja uma boa notícia, ainda é insuficiente diante dos desafios climáticos e da preservação da biodiversidade. Ela alertou que 2024 foi um ano marcado por tragédias climáticas no Brasil e que é fundamental manter e acelerar a queda no desmatamento para evitar cenários extremos no futuro.
Além da Amazônia, o Cerrado também apresentou resultados positivos. O desmatamento nesse bioma foi de 8.174 km², o que representa uma queda de 25,7% em relação ao período anterior. Essa é a primeira redução do desmatamento no Cerrado em quatro anos. A maior parte do desmatamento no Cerrado está concentrada em quatro estados: Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que são conhecidos como Matopiba, uma importante fronteira agropecuária.
No entanto, mesmo nesses estados, houve uma queda significativa no desmatamento, com a Bahia liderando com uma redução de 63,3%. Os dados mostram que, apesar dos desafios, as ações de preservação e monitoramento estão começando a mostrar resultados positivos, o que é um sinal de esperança para a conservação dos biomas brasileiros.