Despedida do fotógrafo Evandro Teixeira no Rio de Janeiro
Familiares e amigos se despedem de Evandro Teixeira.
Notícia publicada em 05/11/2024 16:35 - #cultura
Amigos e familiares se reuniram na terça-feira, dia 5, para dar o último adeus ao renomado fotógrafo Evandro Teixeira, que faleceu na segunda-feira, dia 4, no Rio de Janeiro. O velório ocorreu na Câmara Municipal, localizada no centro da cidade, onde muitos puderam prestar suas homenagens a um dos mais importantes fotojornalistas do Brasil. Teixeira estava internado na Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul do Rio, e sua morte foi causada por falência múltipla de órgãos, resultado de complicações de uma pneumonia.
Após a cerimônia de velório, o corpo de Teixeira foi cremado no Cemitério do Caju. As cinzas do fotógrafo serão levadas para Canudos, na Bahia, uma decisão que reflete a profunda conexão que ele tinha com a cidade e seus habitantes, muitos dos quais eram descendentes dos sobreviventes da Guerra de Canudos, que ocorreu entre 1896 e 1897. Essa relação especial com Canudos foi um tema recorrente em seu trabalho, onde ele capturou a essência e a história do lugar através de suas lentes.
A filha de Evandro, Carina Caldas, compartilhou algumas lembranças sobre seu pai, destacando seu olhar apaixonado pelo Brasil e sua capacidade de enxergar o que muitos não conseguiam. Carina ressaltou a disciplina e a genialidade de Teixeira, afirmando que ele sempre dizia que "a sorte ajuda quem vai atrás". Mesmo em seus últimos dias, ele continuava a fotografar e foi homenageado no Festival de Paraty em setembro, onde participou de um projeto que envolvia a fotografia diariamente. Carina descreveu seu pai como uma pessoa generosa, que sempre se preocupava com os fotografados, colegas e estudantes de fotografia.
O cineasta Silvio Tendler, amigo de Teixeira desde a década de 1980, também fez questão de lembrar do legado do fotógrafo. Ele o descreveu como um historiador da fotografia, que, através de seus cliques, conseguiu documentar momentos históricos importantes, como a Marcha dos Cem Mil e o golpe no Chile. Tendler destacou que Teixeira tinha fotos exclusivas, como as da Rainha Elizabeth, e uma vasta documentação sobre Canudos, mostrando seu talento e dedicação à arte da fotografia.
Outro amigo de longa data, o fotógrafo Ricardo Beliel, compartilhou suas memórias sobre Teixeira, com quem conviveu por 50 anos. Ele recordou que, mesmo quando eram concorrentes, sempre havia um clima de amizade e respeito entre eles. Beliel elogiou o trabalho de Teixeira, afirmando que ele produziu imagens que se tornaram ícones do fotojornalismo brasileiro. Ele também mencionou que a última vez que se encontraram, Teixeira estava animado com planos de retornar a Canudos, um lugar que sempre foi especial para ele.
O acervo de Evandro Teixeira, que contém cerca de 180 mil imagens, está guardado no Instituto Moreira Salles, onde seu trabalho pode ser apreciado por futuras gerações. Teixeira nasceu em Irajuba, na Bahia, em 1935, e começou sua carreira jornalística em 1958 no jornal O Diário de Notícias, em Salvador. Posteriormente, ele se mudou para o Rio de Janeiro, onde trabalhou em diversos veículos de comunicação, incluindo o Jornal do Brasil, onde se destacou por quase 47 anos.
Além de seu trabalho como fotojornalista, Teixeira também foi autor de livros importantes, como "Fotojornalismo" (1983), "Canudos 100 anos" (1997) e "68 destinos: Passeata dos 100 mil" (2008). Seu legado na fotografia e no jornalismo é inegável, e sua contribuição para a documentação da história do Brasil será sempre lembrada. A perda de Evandro Teixeira deixa um vazio no mundo da fotografia, mas seu trabalho continuará a inspirar muitos.