Discriminação racial afeta 61% da população negra no Brasil

Pesquisa revela dados alarmantes sobre discriminação.

Discriminação racial afeta 61% da população negra no Brasil

Notícia publicada em 05/11/2024 15:32 - #sociedade_comportamento


Uma pesquisa recente realizada pela Kantar Insights, uma empresa global de dados e análise de marketing, revelou que 61% da população negra, composta por pretos e pardos, sofreu discriminação nos últimos doze meses. O estudo, intitulado Brand Inclusion Index 2024, entrevistou 1.012 brasileiros e trouxe à tona dados preocupantes sobre a realidade enfrentada por esses grupos no Brasil.

Os locais onde a discriminação foi mais frequentemente relatada incluem o local de trabalho, com 31% dos casos, seguidos por locais públicos (26%) e durante compras (24%). Esses números indicam que a discriminação racial não é apenas um problema social, mas também um desafio que afeta a vida profissional e cotidiana das pessoas negras.

Além disso, a pesquisa revelou que 11% dos entrevistados identificaram a cor da pele como o principal motivo para a discriminação, enquanto 10% mencionaram a etnia ou raça. Esses dados mostram que a discriminação racial é uma questão que permeia diversos aspectos da vida das pessoas, desde o ambiente de trabalho até as interações sociais.

A pesquisa também incluiu a percepção de quatro grupos minoritários: mulheres, negros (pretos e pardos), pessoas com deficiências (PCDs) e a comunidade LGBTQIA+. O objetivo era entender como esses grupos percebem a diversidade, equidade e inclusão nas marcas e empresas.

Um dado positivo que surgiu do estudo é que 86% dos negros entrevistados afirmaram que é importante que as marcas promovam ativamente a diversidade e a inclusão, tanto em seus negócios quanto de forma mais ampla, beneficiando toda a sociedade. Isso demonstra uma expectativa crescente da população negra em relação às empresas e suas responsabilidades sociais.

Marcas como Natura, Avon e Nike foram destacadas como as que mais contribuem para a representatividade negra, retratando a população de forma positiva e se preocupando em oferecer produtos que atendam a clientes não brancos. Essa valorização da diversidade nas campanhas publicitárias e na oferta de produtos é um passo importante para a inclusão.

No entanto, a pesquisa também revelou que apenas 20% dos entrevistados se sentem representados sempre em veículos de comunicação. A maioria, 69%, disse que se vê representada algumas vezes, enquanto 6% afirmaram que nunca se enxergam nas mídias. Isso indica que ainda há um longo caminho a percorrer para garantir que a diversidade seja verdadeiramente refletida na comunicação e na mídia.

Um exemplo real da discriminação enfrentada por pessoas negras é o relato de Kleber Pessoa, um profissional da área de desenvolvimento de jogos digitais. Ele compartilhou uma experiência em que foi seguido por um funcionário em uma loja de artigos para animais, apenas por ser negro. Kleber percebeu que a vigilância do funcionário era uma forma de racismo, que associa pessoas negras a comportamentos criminosos. Ele ficou tão incomodado com a situação que decidiu voltar à loja para confrontar o funcionário, que negou a perseguição, alegando que estava apenas fazendo seu trabalho.

Kleber expressou sua frustração, afirmando que poderia ter reagido de forma mais agressiva, mas sentiu que precisava de provas para justificar sua indignação. Essa situação é um reflexo de como a discriminação racial pode afetar a saúde mental e emocional das pessoas, gerando sentimentos de raiva e impotência.

Casos semelhantes têm sido registrados em várias partes do Brasil. Em 2021, a Polícia Civil de Fortaleza concluiu um inquérito sobre uma abordagem racista em uma loja de vestuário, onde um gerente teria instruído os funcionários a vigiar pessoas que não se encaixavam no perfil de clientes da loja. Esse tipo de comportamento revela a necessidade urgente de mudanças nas práticas de atendimento e na cultura organizacional das empresas.

Outro caso que ganhou destaque foi o de uma mulher negra que, ao perceber a diferença de tratamento em uma loja, decidiu protestar seminua, argumentando que não poderia esconder produtos em sua lingerie. Essa ação chamou a atenção para a discriminação racial e a necessidade de um tratamento igualitário para todos os clientes, independentemente da cor da pele.

Esses relatos e dados da pesquisa mostram que a discriminação racial é uma realidade que ainda precisa ser enfrentada com seriedade no Brasil. A luta por igualdade e inclusão deve ser uma prioridade para todos, e as marcas têm um papel fundamental nesse processo, promovendo a diversidade e respeitando a dignidade de cada indivíduo.


Wiki: Kantar (empresa)
A Kantar é uma empresa global de dados, insights e consultoria, reconhecida por sua atuação em pesquisa de mercado e análise de comportamento do consumidor. Fundada em 1993, a Kantar é uma subsidiária do grupo WPP, um dos maiores conglomerados de publicidade e comunicação do mundo. A empresa poss... Ver wiki completa