Desafios de Segurança e Educação nas Capitais do Nordeste

No próximo domingo, dia 27, os eleitores de quatro capitais do Nordeste do Brasil, Aracaju, Fortaleza, João Pessoa e Natal, voltarão às urnas para escolher seus prefeitos. Essas cidades enfrentam desafios semelhantes, especialmente nas áreas de educação, saúde, saneamento e segurança pública. Esses fatores são cruciais para garantir uma vida digna para os cidadãos, uma vez que essas capitais são centros importantes de comércio e decisões em suas regiões.

Um estudo realizado pelo Instituto Cidades Sustentáveis, que analisa o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades, revela que a mobilidade urbana também é um aspecto que impacta diretamente a qualidade de vida dos moradores. A falta de transporte adequado e acessível pode dificultar o acesso a serviços essenciais, como educação e saúde.

Natal

Em Natal, a situação da educação é alarmante. A cidade possui a menor nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) entre todas as capitais do Brasil, com apenas 4,5 pontos em 2023. Para se ter uma ideia, a média nacional é de 6 pontos, e a meta do Brasil é alcançar 6,7 pontos até 2030. O professor César Sanson, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), destaca a necessidade urgente de aumentar a oferta de vagas em creches e pré-escolas, já que mais de mil crianças estão fora desse sistema.

Além disso, Natal não oferece escolas de ensino integral, o que limita as oportunidades de aprendizado para as crianças. A disputa pela prefeitura da cidade será entre Paulinho Freire, do União Brasil, e Natália Bonavides, do PT. Com uma população de mais de 750 mil habitantes, Natal também precisa de políticas que atendam a população das áreas periféricas, onde as condições de vida são precárias, especialmente em saúde e saneamento.

Aracaju

Aracaju enfrenta desafios semelhantes, com um Ideb de 5,20, o mesmo que João Pessoa. A cidade também lida com altos índices de violência, especialmente entre jovens negros e pardos. A taxa de homicídios entre esses grupos é alarmante, sendo 26,2 vezes maior do que entre jovens brancos. A cidade, que tem uma população de cerca de 602 mil habitantes, está entre as mais letais para a juventude no Brasil.

Os candidatos ao cargo de prefeito são Emília Corrêa, do PL, e Luiz Roberto, do PDT. O professor Ilzver Matos, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), critica a falta de políticas públicas que considerem a diversidade racial da população, que é predominantemente negra. Ele ressalta que a adesão ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) só ocorreu em 2020, e que ainda há um longo caminho a percorrer para garantir direitos e igualdade para todos os cidadãos.

João Pessoa

Em João Pessoa, a situação não é diferente. A disputa pela prefeitura está entre Cícero Lucena, do PP, e Marcelo Queiroga, do PL. A taxa de homicídio juvenil masculino para jovens pretos, pardos e indígenas é de 22,11 a cada mil habitantes, enquanto para jovens brancos e amarelos é de apenas 1,8. Isso demonstra uma disparidade significativa que precisa ser abordada com urgência.

A cidade, que possui 833 mil habitantes, carece de um plano municipal que promova a igualdade étnico-racial e não conta com um fundo específico para captar recursos para ações afirmativas. A falta de políticas voltadas para a promoção da igualdade racial é um problema que precisa ser enfrentado pelos novos gestores.

Fortaleza

Por fim, Fortaleza também enfrenta desafios relacionados à violência, especialmente entre a população negra e pobre. A chance de um jovem negro ser assassinado é 32,4 vezes maior do que a de um jovem branco. Com uma população de mais de 2,4 milhões de habitantes, a cidade é a mais populosa entre as quatro capitais que vão às urnas.

A disputa pela prefeitura está entre Evandro Leitão, do PT, e André Fernandes, do PL. A professora Helena Martins, da Universidade Federal do Ceará (UFC), aponta que a deterioração dos serviços públicos e a presença de facções criminosas têm contribuído para o aumento da violência na cidade. A expectativa de vida das pessoas pretas, pardas e indígenas em Fortaleza é de 64,2 anos, enquanto a dos brancos e amarelos é de 74,9 anos, evidenciando a desigualdade existente.

Essas quatro capitais do Nordeste enfrentam desafios significativos que exigem atenção e ação imediata dos novos prefeitos. A promoção de políticas públicas que garantam educação de qualidade, saúde, segurança e igualdade racial será fundamental para melhorar a vida dos cidadãos e construir um futuro mais justo e igualitário.