B20 debate regulação da inteligência artificial e pede diálogo com governos

O B20 Summit, um evento importante que prepara o caminho para a 19ª reunião de cúpula do G20, aconteceu na última quinta-feira, dia 24, em São Paulo. Durante o encontro, líderes de grandes empresas de tecnologia, como o Google, se reuniram para discutir a regulação da inteligência artificial (IA). O objetivo principal foi apresentar suas visões sobre como a IA deve ser regulamentada e a importância de um diálogo aberto com os governos.

Fábio Coelho, presidente do Google Brasil, destacou que é fundamental que a regulação da IA não impeça o seu desenvolvimento. Ele mencionou que, embora existam preocupações legítimas sobre os riscos da IA, é necessário ser ousado e responsável ao abordar o tema. Coelho enfatizou a importância de se engajar com os reguladores e legisladores, afirmando que o Brasil precisa garantir que a IA se torne uma ferramenta positiva para a sociedade.

Ele também lembrou que o Marco Civil da Internet, sancionado em 2014, completou dez anos em abril deste ano. Essa legislação estabeleceu princípios importantes para a regulação da internet no Brasil, incluindo a proteção da privacidade e dos dados pessoais dos usuários. Coelho acredita que a nova regulação da IA deve ser suficientemente robusta para permitir a continuidade da evolução tecnológica que o Brasil experimentou na última década.

Além disso, o presidente do Google Brasil ressaltou que a regulação da IA terá impactos significativos na geopolítica mundial e será crucial para o desenvolvimento tecnológico do país. Ele afirmou que o Brasil tem um grande potencial para se tornar um produtor de tecnologia, em vez de apenas um importador. Coelho acredita que a sociedade brasileira é altamente digital e que isso deve ser reconhecido e aproveitado.

Fariba Wells, vice-presidente de Assuntos e Políticas Governamentais Globais da Kyndryl, também participou do debate e pediu um equilíbrio na regulação da IA. Ela mencionou que o processo de regulamentação na União Europeia deve ser analisado com atenção, já que a UE aprovou novas regras sobre IA que entrarão em vigor em 2024. Essas regras exigem que os sistemas de IA sejam transparentes e impõem multas severas para empresas que não cumprirem as normas, que podem chegar a 7,5 milhões de euros ou até 7% do faturamento global.

Wells alertou que, frequentemente, as entidades regulamentadoras criam muitas regras e exigências, o que pode dificultar o trabalho das empresas. Ela defendeu a necessidade de harmonização nas regulamentações, especialmente em relação à IA, e sugeriu que os governos devem ser cautelosos ao criar novas regras.

O B20, que é o fórum oficial de diálogo do G20 com a comunidade empresarial, é composto por cerca de mil representantes de empresas dos países que fazem parte do G20, além de países convidados e organizações internacionais. As recomendações discutidas no B20 Summit serão oficialmente apresentadas à presidência do G20 durante a reunião que ocorrerá no Brasil em novembro.

Esse encontro é uma oportunidade importante para que as empresas de tecnologia expressem suas preocupações e sugestões sobre a regulação da IA, um tema que está se tornando cada vez mais relevante no cenário global. A expectativa é que as discussões levem a um entendimento mais claro sobre como a IA pode ser utilizada de forma segura e eficaz, beneficiando a sociedade como um todo.