São Paulo enfrenta desafios com chuvas e abastecimento de água

O estado de São Paulo está passando por um período de chuvas, mas a situação dos reservatórios ainda é preocupante. Após semanas de estiagem severa, que afetou diversas cidades, as chuvas recentes trouxeram um alívio, mas ainda não são suficientes para garantir a segurança hídrica em todo o estado.

Nos últimos meses, a situação de seca foi alarmante, com cinco municípios decretando estado de emergência devido à falta de água. As cidades de Artur Nogueira, São Pedro do Turvo, Indiana, Bauru e Barretos enfrentaram restrições severas no abastecimento. O Monitor das Secas, da Agência Nacional de Águas (ANA), indicou que a estiagem atingiu seu pico entre julho e agosto, afetando 95% do território paulista. Em setembro de 2022, a situação se agravou, com 100% do estado sendo impactado, sendo 21% classificado como seca grave e 3% como seca extrema.

Com a chegada das chuvas, a Defesa Civil do estado informou que o risco de queimadas diminuiu. No dia 19 de outubro, foi a primeira vez em 30 dias que não havia áreas em alerta para queimadas. No entanto, ainda existem alertas na região leste do estado, onde cidades como São José dos Campos e Aparecida do Norte estão localizadas.

Ana Paula Cunha, pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), destacou que, embora o período mais crítico da seca tenha passado, os rios nas regiões Centro-Oeste e Norte ainda estão em níveis críticos. A recuperação total dos recursos hídricos levará tempo, e a incerteza sobre a intensidade das chuvas ainda persiste.

Situação do Abastecimento de Água

A maior parte dos 645 municípios de São Paulo é atendida pela Sabesp, a empresa de saneamento que foi privatizada recentemente. A Sabesp informou que o abastecimento na Região Metropolitana de São Paulo, que atende cerca de 22 milhões de pessoas, está operando com 44,9% de capacidade. Quando os índices ficam abaixo de 40%, a situação é considerada de alerta.

Entretanto, a empresa enfrentou problemas técnicos em seus sistemas, que ficaram fora do ar após ataques cibernéticos. Isso gerou interrupções pontuais no abastecimento, especialmente em áreas mais vulneráveis, como as periferias, onde a pressão da água é reduzida durante a noite.

Medidas de Racionamento e Qualidade da Água

Diversas prefeituras estão tomando medidas para lidar com a situação. Em São José do Rio Preto, o racionamento foi descartado após o retorno das chuvas, e a prefeitura aumentou a captação de água de poços. Em Americana, a qualidade da água foi afetada pela baixa vazão do Rio Piracicaba, mas a cidade também não planeja rodízios.

Em Marília, a concessionária RIC Ambiental está enfrentando dificuldades para reabastecer os reservatórios e está utilizando caminhões-pipa para atender emergências, priorizando hospitais e escolas.

Vinhedo e Bauru estão em situação mais crítica, com rodízios de abastecimento em vigor. Em Vinhedo, cerca de 74% da população é afetada por um rodízio que fornece água em dias alternados. Bauru, que tem 100 mil moradores em áreas com rodízio, está enfrentando uma situação de emergência hídrica desde maio, com o nível do Rio Batalha muito abaixo do ideal.

Medidas de Economia e Consumo

Tanto a Sabesp quanto as companhias municipais estão recomendando que os consumidores adotem medidas de economia de água, como tomar banhos mais curtos e evitar o uso de mangueiras. É importante ressaltar que os usuários domésticos representam menos da metade do consumo total de água, enquanto a agricultura e a indústria consomem a maior parte.

A situação hídrica em São Paulo é um lembrete da importância de conservar água e de estar preparado para períodos de seca. Com as chuvas, a esperança é que a situação melhore, mas a recuperação total dos recursos hídricos pode levar tempo e requer a colaboração de todos os setores da sociedade.