Capitais da Região Norte enfrentam desafios habitacionais e sociais

As capitais da Região Norte do Brasil, que incluem Belém, Manaus, Porto Velho e Palmas, enfrentam desafios semelhantes que precisam ser abordados pelos novos prefeitos que serão eleitos no segundo turno das eleições. Esses desafios incluem problemas habitacionais, fundiários, altos índices de violência e a falta de serviços públicos adequados, especialmente na área de saneamento, que impacta diretamente a saúde da população.

O professor Fernando Luiz Araújo Sobrinho, do Instituto de Ciências Humanas da Universidade de Brasília (UnB), é um especialista que estuda as cidades da Amazônia e aponta cinco problemas estruturais que precisam ser enfrentados: regularização fundiária, habitação social, saneamento básico, serviços públicos e combate à violência. Segundo ele, muitos desses problemas não podem ser resolvidos rapidamente, e é essencial que os novos gestores continuem as políticas públicas que já estão em andamento.

Importância das Políticas Públicas

Sobrinho destaca que a questão do saneamento básico é especialmente crítica na Amazônia, onde muitos municípios ainda carecem de infraestrutura adequada. Ele explica que o saneamento não se limita apenas ao fornecimento de água e esgoto, mas também inclui a coleta de lixo e a eliminação de lixões. Em cidades onde a maioria da população não tem acesso a esses serviços, a solução não pode ser esperada em um ou dois mandatos. Portanto, é vital que os prefeitos trabalhem em conjunto com os governos federal e estadual para resolver essas questões.

Desafios da Violência

Outro problema significativo é a violência, que é exacerbada pela proximidade da região com países produtores de drogas. Isso torna as cidades vulneráveis ao tráfico de drogas e armas, além de facilitar o aliciamento de jovens para o crime. Sobrinho observa que as facções criminosas têm se tornado uma realidade preocupante nas cidades da Amazônia, e é necessário um esforço concentrado para combater essa situação.

A regularização fundiária é um tema central, pois muitas pessoas se mudam para essas cidades em busca de melhores condições de vida, mas acabam vivendo em áreas irregulares. A falta de planejamento urbano e de legislação adequada contribui para a informalidade, dificultando o acesso a políticas públicas essenciais.

Mudanças Climáticas

As mudanças climáticas também são uma preocupação crescente. A Amazônia tem enfrentado secas extremas, o que afeta a conectividade e a vida das populações ribeirinhas e urbanas que dependem dos rios para sua sobrevivência. Sobrinho enfatiza que é crucial que os prefeitos considerem como suas cidades enfrentarão esses desafios globais, que já estão impactando a vida cotidiana.

Desigualdade Social

Um estudo do Instituto Cidades Sustentáveis revela que a violência atinge desproporcionalmente jovens pretos, pardos e indígenas nas quatro capitais. O coordenador do instituto, Jorge Abrahão, destaca que a juventude está sendo perdida devido à violência, e isso deve ser uma prioridade para os futuros prefeitos. A pesquisa mostra que a saúde e a educação são as principais preocupações dos eleitores, seguidas pela geração de empregos e segurança.

Os dados indicam que a mortalidade juvenil é alarmante, com Manaus apresentando uma taxa de homicídios de jovens pretos e pardos muito superior à de jovens brancos. Em Belém, a diferença é ainda mais acentuada, o que evidencia a necessidade urgente de políticas que abordem a desigualdade social.

Situação em Cada Capital

Belém, a maior metrópole da Amazônia, está passando por várias obras de infraestrutura, mas ainda enfrenta sérios problemas em áreas como habitação e mobilidade urbana. O professor Sobrinho ressalta que as intervenções devem continuar após eventos como a COP-30, para que a cidade atenda às necessidades de seus moradores.

Manaus apresenta um crescimento urbano acelerado, mas enfrenta desafios relacionados ao saneamento e à saúde pública. A cidade, que abriga uma população de 2 milhões de habitantes, precisa urgentemente de infraestrutura para suportar esse crescimento.

Porto Velho, capital de Rondônia, é estratégica para o agronegócio, mas também enfrenta problemas de segurança devido à presença de facções criminosas. A cidade é a que mais emite gases de efeito estufa per capita no Brasil, o que requer atenção especial dos futuros gestores.

Por fim, Palmas, a capital mais nova do Brasil, tem uma boa infraestrutura, mas precisa se concentrar em integrar sua região metropolitana e lidar com o crescimento populacional, que inclui muitos migrantes em busca de melhores condições de vida.

Conclusão

Os novos prefeitos das capitais da Região Norte têm um grande desafio pela frente. Eles precisarão trabalhar em conjunto com a população e os governos em diferentes níveis para enfrentar problemas complexos que afetam a qualidade de vida nas cidades. A continuidade das políticas públicas e a busca por soluções inovadoras serão fundamentais para melhorar as condições de vida e garantir um futuro mais seguro e saudável para todos os cidadãos.