Entrevista com a Astrofísica Larissa Santos

A curiosidade sobre o Universo e a possibilidade de vida em outros planetas sempre fascinaram a humanidade. Desde filmes de ficção científica até teorias da conspiração, o espaço é um tema que desperta interesse e questionamentos. No entanto, a verdade é que a ciência ainda tem muito a descobrir sobre a vastidão do cosmos. Atualmente, os cientistas acreditam que conhecemos apenas cerca de 5% do Universo.

Uma das cientistas que se dedica a entender mais sobre essa imensidão é a astrofísica Larissa Santos. Nascida em Brasília, Larissa vive na China há 10 anos, onde é professora de Cosmologia na Universidade Yangzhou. Ela foi a convidada do programa DR com Demori, exibido pela TV Brasil, onde compartilhou suas pesquisas e descobertas sobre a origem e a evolução do cosmos.

Larissa Santos se especializou na Radiação Cósmica de Fundo, que é a radiação que surgiu no universo primitivo. Em sua explicação, ela menciona que, desde 1929, sabemos que o universo está em expansão. Isso significa que, se retrocedermos no tempo, o universo era menor, mais quente e mais denso. Durante esse período, as partículas de radiação estavam unidas, o que impedia a formação de átomos neutros. Com a expansão e o resfriamento do universo, os prótons conseguiram capturar elétrons, formando os primeiros átomos, principalmente de hidrogênio. Esse momento é conhecido como recombinação, quando a radiação pôde viajar livremente pelo espaço. A Radiação Cósmica de Fundo é, portanto, um dos principais focos de estudo para entender o que ocorreu no universo quando ele era ainda muito jovem.

Durante a entrevista, Larissa também destacou que a ciência é um processo contínuo. Às vezes, um caminho que não leva ao resultado esperado pode ser fundamental para outras descobertas. Ela citou o exemplo de Albert Einstein, cujas equações mostravam que o universo estava em expansão, mesmo que ele não acreditasse nisso na época. Para manter a ideia de um universo estático, Einstein adicionou uma constante em suas equações que contrabalançava a força da gravidade. No entanto, em 1929, foi comprovado que o universo realmente se expande, e Einstein reconheceu que esse foi um erro. Curiosamente, essa constante se tornou útil para explicar um fenômeno atual conhecido como energia escura.

A energia escura é um dos grandes mistérios do universo. Enquanto sabemos que 5% do cosmos é formado por matéria bariônica, o restante, cerca de 95%, é composto por algo que ainda não compreendemos completamente. Desses 95%, aproximadamente 25% é matéria escura, que é invisível e cujas partículas ainda não foram identificadas. Os outros 70% correspondem à energia escura, que está acelerando a expansão do universo. Decifrar a natureza da energia escura é um dos maiores desafios da física contemporânea.

Quando o assunto é a possibilidade de vida fora da Terra, Larissa Santos afirma que, até o momento, não há evidências observacionais que confirmem essa hipótese. No entanto, ela menciona que já foram encontradas águas em luas de Saturno e Júpiter, além de indícios de água no subterrâneo de Marte.

"A água está presente, e sempre dizemos que onde há água, há vida. Portanto, é possível que existam formas de vida semelhantes às nossas, como micro-organismos, e não necessariamente seres humanos. Acredito que a ciência busca o extraordinário, e descobrir vida fora da Terra seria a maior descoberta científica de todos os tempos", conclui Larissa.

A entrevista com Larissa Santos no programa DR com Demori é uma oportunidade valiosa para entender mais sobre as pesquisas que buscam desvendar os mistérios do universo e a evolução da ciência. Com suas contribuições, Larissa se destaca como uma importante figura na astrofísica, trazendo novas perspectivas sobre o cosmos e suas complexidades.