Vendas do Tesouro Direto atingem recorde histórico em agosto

As vendas de títulos públicos do Tesouro Direto, que são adquiridos por pessoas físicas pela internet, alcançaram um marco histórico em agosto de 2023. O Tesouro Nacional anunciou que foram vendidos R$ 8,01 bilhões em títulos, o que representa o maior valor mensal desde a criação do programa, em 2002. Esse número supera o recorde anterior, que era de R$ 6,84 bilhões, registrado em março deste ano.

Comparando com o mês anterior, as vendas em agosto tiveram um aumento de 24,6%. Além disso, se olharmos para o mesmo mês do ano passado, o crescimento é ainda mais impressionante, com um aumento de 150,5%. Esses dados foram divulgados com um atraso de quase um mês devido a uma greve dos servidores do Tesouro Nacional, que afetou a venda de títulos do programa em três ocasiões diferentes.

Dois fatores principais contribuíram para esse aumento significativo nas vendas. O primeiro foi o vencimento de títulos de longo prazo que eram corrigidos pela inflação. Muitos investidores optaram por trocar esses títulos por novos papéis. O segundo fator foi a forte emissão de títulos que são corrigidos pela Taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia. Em agosto, as emissões mensais desses títulos somaram R$ 3,34 bilhões, ficando atrás apenas do mês de março, que teve R$ 4,32 bilhões.

Os títulos que mais chamaram a atenção dos investidores em agosto foram os que são corrigidos pela inflação, que tiveram uma participação de 46,6% nas vendas. Os títulos vinculados à Selic representaram 41,7% do total, enquanto os títulos prefixados, que têm juros definidos no momento da emissão, totalizaram 7,8%. Além disso, o Tesouro Renda+, que foi lançado no início de 2023 e é destinado ao financiamento de aposentadorias, respondeu por 2,4% das vendas. Por outro lado, o Tesouro Educa+, criado em agosto do ano passado para ajudar a financiar a educação superior, atraiu apenas 1,5% das vendas.

O interesse por títulos vinculados à Selic é explicado pelo alto nível da Taxa Selic, que estava em 10,5% ao ano entre maio e agosto, e foi elevada para 10,75% ao ano. Com a expectativa de novas altas, esses papéis continuam a ser atraentes para os investidores. Os títulos que são corrigidos pela inflação também têm atraído a atenção devido à expectativa de aumento da inflação nos próximos meses.

No final de agosto, o estoque total do Tesouro Direto alcançou R$ 141,54 bilhões, o que representa uma queda de 2,64% em relação ao mês anterior, quando o estoque era de R$ 145,39 bilhões. No entanto, houve um aumento de 16,4% em comparação com agosto do ano passado, quando o estoque era de R$ 121,61 bilhões. A queda no estoque ocorreu porque os resgates superaram as vendas em R$ 4,94 bilhões no último mês, principalmente devido ao volume recorde de vencimentos dos títulos corrigidos pela inflação.

Em relação ao número de investidores, 303,56 mil novos participantes se cadastraram no programa em agosto, totalizando 29.602.068 investidores. Nos últimos 12 meses, o número de investidores cresceu 16,2%. O total de investidores ativos, ou seja, aqueles com operações em aberto, chegou a 2.664.829, um aumento de 12,3% em um ano.

A popularidade do Tesouro Direto entre pequenos investidores é evidente, já que 79,2% das vendas foram de valores de até R$ 5 mil. Somente as aplicações de até R$ 1 mil representaram 56,4% do total de 869.618 operações de vendas realizadas em agosto. O valor médio por operação foi de R$ 11.190,66, impulsionado pela troca de títulos corrigidos pela inflação, que são especialmente procurados por quem deseja garantir uma aposentadoria.

Os investidores estão demonstrando uma preferência por títulos de curto prazo, com 79,6% das vendas sendo de títulos com prazo de até cinco anos. As operações com prazo entre cinco e dez anos representaram 6,8%, enquanto os papéis com mais de dez anos de prazo corresponderam a 13,6% das vendas.

O Tesouro Direto foi criado em janeiro de 2002 com o objetivo de facilitar o acesso das pessoas físicas a títulos públicos, permitindo que elas comprassem diretamente do Tesouro Nacional pela internet, sem a necessidade de intermediários. Para participar, o investidor precisa pagar uma taxa semestral à B3, a bolsa de valores brasileira, que é responsável pela custódia dos títulos. A venda de títulos é uma das maneiras que o governo utiliza para captar recursos, que são usados para pagar dívidas e cumprir compromissos financeiros, prometendo devolver o valor investido com um adicional que pode variar conforme a Selic, índices de inflação, câmbio ou uma taxa definida previamente para os papéis prefixados.