Nova Direção Assume Hospital de Bonsucesso Após Protestos

Na manhã deste sábado, 19 de agosto, a situação no Hospital Federal de Bonsucesso, localizado na zona norte do Rio de Janeiro, passou por uma grande mudança. A Polícia Militar e a Polícia Federal realizaram a retirada de manifestantes que ocupavam as dependências do hospital, permitindo assim que a nova direção assumisse a unidade de saúde. A desocupação ocorreu por volta das 6h, após uma negociação pacífica entre os policiais e os manifestantes.

O secretário adjunto de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Nilton Pereira Júnior, comentou sobre a operação. Ele destacou que a entrada da nova equipe foi tranquila e que, logo após a chegada, iniciaram uma visita a todas as áreas do hospital. O foco principal dessa visita era entender como estava a assistência aos quase 200 pacientes internados, incluindo sete na UTI e outros na emergência. O secretário enfatizou a importância de verificar a segurança dos pacientes, a disponibilidade de insumos e as escalas de plantão.

Protesto dos Servidores

Apesar da desocupação da sala de direção, um grupo de servidores do hospital e de outras unidades do Ministério da Saúde continuou a protestar em uma área de manobra de veículos na entrada do HSF. Esses manifestantes se opuseram à nova gestão e foram retirados após uma ação do Batalhão de Choque da PM. A retirada não foi pacífica, e os policiais utilizaram spray de pimenta para dispersar o grupo, resultando na detenção de uma das manifestantes.

Ivanilda Ferreira Alves, uma técnica de enfermagem e servidora do hospital, expressou sua indignação com a ação policial, chamando-a de "truculenta" e "covarde". Ela ressaltou que os manifestantes não estavam depredando o patrimônio e que estavam lutando por dignidade no serviço público. Ivanilda mencionou que muitos colegas estavam emocionalmente abalados e que a situação no hospital era preocupante.

Os manifestantes estavam ocupando o hospital há alguns dias, impedindo a nova gestão, que pertence ao Grupo Conceição, de assumir a direção. Eles se opõem à decisão de transferir a gestão do hospital do Ministério da Saúde para a estatal. Uma das servidoras afirmou que estavam lutando pela saúde pública e que continuariam a protestar.

Nova Gestão e Expectativas

O secretário Nilton Pereira Júnior explicou que o Hospital de Bonsucesso enfrentava problemas de ineficiência na gestão anterior e que a nova administração do Grupo Conceição tinha como objetivo resolver essas questões. A nova gestão pretende, em um prazo de 90 dias, colocar mais de 200 leitos em funcionamento, ampliar a capacidade da UTI e reabrir o setor de emergência, que está fechado desde 2020.

Elaine Lopez, a nova superintendente do hospital, destacou que a unidade é uma referência em alta e média complexidade, com uma capacidade de diagnóstico importante em áreas como cardiologia, nefrologia, endoscopia e gastrologia. No entanto, ela observou que o hospital estava operando com menos de 50% de sua capacidade instalada, com apenas 42% de ocupação.

O Grupo Conceição anunciou a abertura de um edital para a contratação emergencial de 2,2 mil profissionais de saúde, com um prazo de até 45 dias. Nos próximos dias, a nova gestão realizará um levantamento para adquirir equipamentos necessários para reabrir os serviços que estão atualmente fechados.

O diretor presidente do Grupo Conceição, Gilberto Barichello, afirmou que o primeiro objetivo da nova gestão é garantir a continuidade dos atendimentos e o abastecimento do hospital. Ele reconheceu que existem problemas na área de medicação, insumos e materiais, e que uma equipe está trabalhando para identificar as necessidades e reabrir os leitos que estão fechados.

A situação no Hospital de Bonsucesso reflete um momento de transição e desafios na gestão da saúde pública, com a nova administração buscando melhorar a qualidade do atendimento e a infraestrutura da unidade, enquanto os servidores continuam a lutar por seus direitos e pela saúde da população.