Itamaraty pede explicações dos EUA sobre deportação de brasileiros

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, conhecido como Itamaraty, anunciou que irá solicitar explicações ao governo dos Estados Unidos sobre o que considera um "tratamento degradante" dado a 88 cidadãos brasileiros que foram deportados na última sexta-feira, dia 24. Esses brasileiros foram transportados em uma aeronave norte-americana que pousou no aeroporto de Manaus, no estado do Amazonas, e a Polícia Federal (PF) ficou sabendo que os deportados estavam algemados durante o voo.

O Itamaraty destacou que o uso de algemas e correntes é uma violação dos acordos estabelecidos entre Brasil e Estados Unidos, que garantem um tratamento digno e respeitoso para os repatriados. Em uma nota oficial, o ministério afirmou que está "atento" às mudanças nas políticas migratórias dos EUA, com o objetivo de proteger a segurança e a dignidade dos brasileiros que residem naquele país.

O governo brasileiro considera inaceitável que as condições acordadas com os EUA não sejam respeitadas. Desde 2018, o Brasil concordou em realizar voos de repatriação para reduzir o tempo que seus cidadãos passam em centros de detenção nos Estados Unidos, após serem detidos por imigração irregular e sem possibilidade de recurso.

Devido a questões de soberania nacional, o governo brasileiro decidiu retirar as algemas dos deportados e enviou uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportá-los até seu destino final. O voo tinha como destino o Aeroporto Internacional de Confins, localizado na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais. No entanto, o voo precisou fazer um pouso de emergência em Manaus devido a problemas técnicos.

O Itamaraty informou que as autoridades brasileiras não permitiram que o voo fretado seguisse para Belo Horizonte na noite de sexta-feira. Isso se deu em razão do uso de algemas, do estado precário da aeronave, que apresentava problemas no sistema de ar condicionado, e da revolta dos 88 deportados em relação ao tratamento que receberam.

No sábado, dia 25, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu em Manaus com o superintendente interino da PF no Amazonas, delegado Sávio Pinzón, e com o comandante do 7º Comando Aéreo Regional da FAB, major-brigadeiro Ramiro Pinheiro. Durante essa reunião, foi feito um relato detalhado sobre os incidentes ocorridos no aeroporto Eduardo Gomes, envolvendo os cidadãos brasileiros que estavam sendo transportados em um voo de deportação do governo dos EUA. Essa reunião servirá como base para o pedido de explicações ao governo norte-americano sobre o tratamento considerado degradante que os passageiros receberam durante o voo.

O avião da FAB, que transportou os brasileiros deportados dos Estados Unidos, chegou à noite de sábado a Minas Gerais. Essa situação levanta preocupações sobre o tratamento de imigrantes e a forma como as deportações estão sendo conduzidas.

As operações de deportação em massa de imigrantes ilegais nos Estados Unidos começaram logo após a posse do presidente Donald Trump. Na noite de quinta-feira, dia 23, 538 pessoas foram detidas e centenas foram deportadas em uma operação anunciada pela Casa Branca. A porta-voz do governo, Karoline Leavitt, afirmou que a administração Trump deteve 538 imigrantes ilegais que cometeram crimes, e que centenas foram deportados em aviões do Exército norte-americano. Ela descreveu essa ação como a maior operação de deportação em massa da história dos Estados Unidos.

Durante sua campanha presidencial, Trump prometeu tomar medidas rigorosas para conter a imigração ilegal, que ele classificou como uma "emergência nacional". Logo no primeiro dia de seu mandato, o presidente assinou ordens executivas com o objetivo de restringir a entrada de imigrantes no país. Essa postura tem gerado controvérsias e críticas tanto nos Estados Unidos quanto em outros países, incluindo o Brasil, que busca garantir a dignidade e os direitos de seus cidadãos deportados.