Contas externas do Brasil apresentam saldo negativo em 2024
Saldo negativo de US$ 56 bilhões em 2024.
Notícia publicada em 24/01/2025 13:17 - #economia
As contas externas do Brasil, que refletem as transações do país com o resto do mundo, apresentaram um saldo negativo de US$ 55,966 bilhões em 2024. Essa informação foi divulgada pelo Banco Central do Brasil (BC) na última sexta-feira, dia 24, em Brasília. O saldo negativo representa 2,55% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos. Em comparação, em 2023, o déficit foi de US$ 24,516 bilhões, o que correspondia a 1,12% do PIB.
O chefe adjunto do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Renato Baldini, explicou que o aumento do saldo negativo se deve, principalmente, ao crescimento da demanda por bens e serviços do exterior. Isso pode ser observado nos dados da balança comercial e na conta de serviços. A comparação entre os anos mostra que houve uma queda de US$ 26,1 bilhões no superávit comercial, que é a diferença entre exportações e importações, devido ao aumento das importações. Além disso, o déficit em serviços aumentou em US$ 9,8 bilhões. Por outro lado, houve uma redução de US$ 4,1 bilhões no déficit de renda primária, que inclui pagamentos de juros e lucros, e um aumento no superávit de renda secundária de US$ 367 milhões.
O Banco Central destacou que, apesar do déficit, as transações correntes apresentavam um cenário robusto e uma tendência de redução do déficit até março de 2024, quando a demanda interna começou a crescer. O déficit externo, no entanto, está sendo financiado por capitais de longo prazo, especialmente por meio de investimentos diretos no país, que totalizaram US$ 71 bilhões e possuem um estoque recorde de US$ 1,5 trilhão.
Os dados de 2024 foram consolidados com as informações de dezembro, quando as transações correntes mostraram um resultado negativo de US$ 9,033 bilhões, em comparação com um déficit de US$ 5,587 bilhões em dezembro de 2023.
Balança comercial e serviços
No ano de 2024, as exportações de bens totalizaram US$ 339,847 bilhões, o que representa uma redução de 1,2% em relação a 2023. Por outro lado, as importações aumentaram para US$ 273,629 bilhões, um crescimento de 8,8% em comparação ao ano anterior. Com esses resultados, a balança comercial fechou com um superávit de US$ 66,218 bilhões, uma queda em relação ao saldo positivo de US$ 92,275 bilhões em 2023.
O déficit na conta de serviços, que inclui despesas com viagens internacionais, transporte e aluguel de equipamentos, alcançou US$ 49,707 bilhões em 2024, um aumento de 24,7% em relação a 2023. O Banco Central observou um crescimento na corrente de comércio de serviços, com uma diversificação nas contas. Um dos maiores aumentos foi no déficit em serviços de propriedade intelectual, que inclui serviços de streaming e venda de softwares, totalizando US$ 8,683 bilhões. Os serviços de telecomunicação e computação também contribuíram, somando US$ 7,158 bilhões.
As despesas líquidas com transportes chegaram a US$ 15,057 bilhões, resultado do aumento na corrente de comércio e no preço dos fretes. Em relação às viagens internacionais, o déficit na conta foi de US$ 7,484 bilhões, com receitas de US$ 7,341 bilhões e despesas de US$ 14,825 bilhões.
Baldini destacou que a receita de viagens, que representa os gastos de turistas estrangeiros no Brasil, atingiu um recorde desde 1995. As despesas dos brasileiros no exterior também foram as maiores desde 2019, quando os gastos foram de US$ 17,6 bilhões.
Rendas
O déficit em renda primária, que inclui lucros, dividendos e pagamentos de juros, totalizou US$ 75,403 bilhões em 2024, uma queda de 5,1% em relação a 2023. Essa conta costuma ser deficitária, pois há mais investimentos de estrangeiros no Brasil do que o contrário. A conta de renda secundária, que envolve doações e remessas, teve um resultado positivo de US$ 2,925 bilhões, um aumento em relação ao superávit de US$ 2,558 bilhões em 2023.
Financiamento
Os investimentos diretos no país (IDP) aumentaram 13,8% em comparação ao ano anterior, totalizando US$ 71,070 bilhões em 2024. Esse valor representa 3,24% do PIB e é resultado de ingressos líquidos de US$ 60,074 bilhões em participação no capital e US$ 10,996 bilhões em operações intercompanhia. Quando o país apresenta um saldo negativo nas transações correntes, é necessário cobrir esse déficit com investimentos ou empréstimos do exterior. O IDP é considerado a melhor forma de financiamento, pois os recursos são aplicados no setor produtivo e geralmente são de longo prazo.
Por outro lado, os investimentos em carteira no mercado doméstico apresentaram uma saída líquida de US$ 4,287 bilhões em 2024, com saídas de US$ 17,115 bilhões em ações e fundos de investimento, e entradas de US$ 12,827 bilhões em títulos de dívida. As reservas internacionais do Brasil atingiram US$ 329,730 bilhões no final de 2024, uma queda em relação aos US$ 355,034 bilhões do final de 2023.