Os bastidores de 'Cidade de Deus' no Oscar
Revelações sobre a indicação de 'Cidade de Deus'.
Notícia publicada em 23/01/2025 11:38 - #cultura
Em 2004, o filme "Cidade de Deus" fez história ao receber quatro indicações ao Oscar, sendo a primeira vez que o Brasil alcançou tal feito. No entanto, muitos ainda se confundem sobre a razão pela qual o filme não foi indicado na categoria de melhor filme internacional em 2003. A verdade é que o Brasil escolheu o filme, mas a Academia de Hollywood não o incluiu entre os indicados.
Fernando Meirelles, o diretor, e Bráulio Mantovani, o roteirista, comentaram sobre os bastidores dessa situação. A comissão que escolheu o filme em 2003, composta por Guilherme de Almeida Prado e outros, fez uma escolha unânime. Almeida Prado recorda que a decisão foi tão clara que um dos membros não se sentiu nem mesmo necessário a comparecer à reunião.
O que realmente impediu a indicação em 2003 foi a falta de aceitação do filme por parte dos votantes da Academia, que na época eram, em sua maioria, pessoas mais velhas. Meirelles acredita que a faixa etária dos votantes influenciou negativamente, pois muitos não se identificaram com a obra.
A ausência de "Cidade de Deus" em 2003 acabou se revelando uma bênção disfarçada. Se o filme tivesse sido indicado naquela edição, não poderia concorrer nas outras categorias em 2004. Assim, o filme foi indicado em direção, roteiro adaptado, montagem e fotografia, o que ajudou a alavancar a carreira de Meirelles.
A distribuidora Miramax, na época liderada por Harvey Weinstein, também teve um papel crucial na campanha para as indicações. Apesar de Weinstein estar atualmente em prisão, seu apoio foi fundamental para o reconhecimento do filme.
Desde então, o Brasil não conseguiu repetir o sucesso de "Cidade de Deus" nas premiações internacionais, levantando questões sobre a escolha dos filmes que representam o país. Meirelles sugere que a Academia Brasileira de Cinema deveria contar com membros da Academia de Hollywood para fazer escolhas mais acertadas, enquanto Almeida Prado acredita que o cinema brasileiro precisa de mais ousadia em suas produções.