Filme "I’m Still Here" retrata a luta de uma família brasileira

O filme I’m Still Here, dirigido por Walter Salles, apresenta a história da família Paiva, que vive no Rio de Janeiro em 1970. A trama começa de forma leve, mostrando a rotina da família, composta por Eunice, Rubens e seus cinco filhos, que desfrutam de momentos simples como refeições e danças. No entanto, essa atmosfera tranquila é interrompida por um contexto de instabilidade política no Brasil, que havia sofrido um golpe militar em 1964.

Durante o filme, Rubens, que foi congressista e tinha uma posição política de esquerda, é levado pela polícia para interrogatório, prometendo voltar para casa. Essa promessa, no entanto, se torna a última vez que Eunice e as crianças o veem. O filme aborda a desaparição forçada de Rubens, um caso emblemático da ditadura militar brasileira, onde muitos opositores do regime foram sequestrados e nunca mais vistos. A luta de Eunice para encontrar seu marido e sua transformação em uma advogada de direitos humanos é um dos focos da narrativa.

Salles opta por não fazer um filme didático ou excessivamente dramático, mas sim um retrato sutil da vida sob um regime opressivo. A atuação de Fernanda Torres, que interpreta Eunice, é destacada pela sua profundidade emocional, capturando a dor e a luta da personagem em meio à normalidade do dia a dia. O filme se destaca por sua abordagem delicada e realista, mostrando como a vida continua mesmo diante de uma tragédia.

I’m Still Here tem sido bem recebido no Brasil, tornando-se o filme nacional de maior bilheteira desde o início da pandemia. A obra marca o retorno de Salles à direção após um hiato, e é considerada uma de suas melhores produções desde Os Diários de Motocicleta. O filme não apenas resgata uma parte importante da história brasileira, mas também provoca reflexões sobre a memória e a justiça em tempos de repressão.