Crimes cibernéticos se tornam a principal preocupação das empresas

Nos últimos anos, os crimes cibernéticos têm se tornado uma preocupação crescente para as empresas em todo o mundo. De acordo com uma pesquisa realizada pelo grupo Allianz, que ouviu 3.778 gestores de risco em 116 países, quatro em cada dez empresas consideram os crimes cibernéticos como a principal ameaça que enfrentam. Essa preocupação se mantém pelo quarto ano consecutivo e reflete um aumento significativo na percepção de risco, que agora é vista como uma prioridade por 36% dos empresários.

A evolução da preocupação com crimes cibernéticos

Há uma década, apenas 12% das empresas se preocupavam com esse tipo de risco, o que demonstra uma mudança drástica na forma como as organizações encaram a segurança digital. A pesquisa, chamada Allianz Risk Barometer, está em sua 14ª edição e revela que a crescente dependência da tecnologia e a rápida evolução da inteligência artificial são fatores que contribuíram para essa mudança de percepção.

Os dados mostram que a preocupação com crimes cibernéticos não é exclusiva de um único país. Na verdade, países como Colômbia, Filipinas, Marrocos e África do Sul também destacaram a importância de tratar esse assunto como uma emergência. As empresas que mais se preocupam com esses riscos são aquelas que operam virtualmente, como as do setor financeiro, telecomunicações, mídia, tecnologia e serviços jurídicos.

Outros riscos identificados

Além dos crimes cibernéticos, a pesquisa identificou outros riscos significativos. O segundo maior risco, com 31% das citações, é a interrupção de negócios, que se refere a eventos que impactam as cadeias de suprimento e o comércio global. Esse tema se tornou ainda mais relevante após a pandemia de 2020 e os conflitos geopolíticos que afetaram a economia mundial.

As catástrofes naturais ocupam a terceira posição na lista de preocupações, com 31% das respostas. Esses eventos incluem inundações, incêndios e outras calamidades que podem causar danos significativos às operações das empresas. As mudanças climáticas também são uma preocupação crescente, com 19% dos entrevistados citando esse fator como um risco importante.

A situação no Brasil

No Brasil, a situação é semelhante. 41% dos entrevistados apontaram os crimes cibernéticos como a principal preocupação, consolidando esse risco como o mais relevante no país. O mercado de seguros relacionados a crimes cibernéticos ainda é pequeno, com contratações em torno de R$ 200 milhões por ano, em um setor que movimenta quase R$ 400 bilhões anualmente.

As mudanças climáticas e as catástrofes naturais foram citadas como a segunda e terceira maiores preocupações, com 38% e 36% das respostas, respectivamente. Outros riscos, como a interrupção de negócios, incêndios e explosões, e questões regulamentares também foram mencionados, mas em menor escala.

A importância da percepção de risco

A pesquisa destaca a importância da percepção de risco e como ela influencia as estratégias de prevenção e mitigação adotadas pelas empresas. O professor de administração da Universidade Mackenzie, Roberto Lucio Ferreira, enfatiza que a relação entre a percepção de risco e as ações internas e externas é fundamental. Empresas que analisam seus cenários operacionais e os riscos associados tendem a implementar políticas preventivas, como treinamentos e auditorias, para mitigar os riscos identificados.

Desafios e avanços no Brasil

O cenário brasileiro apresenta desafios únicos, como desigualdade e infraestrutura limitada, que dificultam a adoção de práticas eficazes de mitigação de riscos. No entanto, algumas empresas, especialmente nos setores de agronegócio e energia, têm avançado na forma de lidar com esses desafios. Ferreira observa que, embora algumas empresas tenham alcançado um nível de maturidade corporativa, outras ainda enfrentam barreiras estruturais e políticas que dificultam a conexão entre percepção de risco e ações preventivas.

Em resumo, a pesquisa da Allianz revela que os crimes cibernéticos são uma preocupação crescente para empresas em todo o mundo, refletindo a necessidade urgente de estratégias eficazes de segurança digital. À medida que a tecnologia avança, as empresas devem se adaptar e desenvolver medidas para proteger suas operações e dados contra ameaças cibernéticas.