Historiador Rodrigo Goyena analisa as origens da República Brasileira
Entrevista revela novos aspectos da República.
Notícia publicada em 14/01/2025 19:06 - #cultura
O programa DR com Demori, exibido na TV Brasil, trouxe uma discussão interessante sobre as origens da República Brasileira. O historiador Rodrigo Goyena Soares, autor do livro Entre oligarquias – as origens da República brasileira (1870–1920), foi o convidado da vez. Durante a entrevista, Goyena apresentou uma nova perspectiva sobre como a história do Brasil é ensinada e compreendida, destacando a importância do contexto histórico na formação da sociedade brasileira.
Goyena, que possui formação em ciência política pelo Institut d’Études Politiques de Paris e é pós-doutor em História pela Universidade de São Paulo, criticou a forma tradicional de ensino da história. Segundo ele, a narrativa histórica muitas vezes coloca figuras individuais como protagonistas absolutos, ignorando o papel do contexto social e político que molda as ações dessas pessoas. Ele afirma que "a história no ensino médio é ensinada numa sequência de acontecimentos em que determinadas personalidades são espécies de faróis, guias absolutos do destino nacional". Para Goyena, essa abordagem simplifica demais a complexidade dos eventos históricos.
O historiador também enfatizou que a liberdade humana é limitada pelas condições do contexto em que se vive. Ele fez um paralelo entre o Brasil atual e o Brasil do passado, lembrando o período após a Guerra do Paraguai, que ocorreu entre 1864 e 1870. Esse conflito foi um dos maiores do século XIX e teve um impacto profundo na economia e na política do Brasil, resultando em uma grande dívida interna e externa.
Goyena explicou que a Guerra do Paraguai causou um desgaste orçamentário significativo, o que, por sua vez, afetou a política do país. Ele destacou que o orçamento não é apenas uma questão contábil, mas sim um reflexo das decisões políticas que definem como os recursos são distribuídos. Após a guerra, as Forças Armadas do Brasil se tornaram mais politizadas, com os militares insatisfeitos com o governo civil, que não teria apoiado adequadamente suas reivindicações por reformas e direitos.
A insatisfação dos militares, aliada ao desejo de um Brasil mais industrializado, foi um dos fatores que levaram à Proclamação da República. Goyena mencionou que as medidas adotadas pelo Império, como a abolição da escravidão em 1888, sem indenização aos proprietários de escravos, contribuíram para uma crise no sistema orçamentário do Estado. Essa situação gerou um movimento em massa para a troca de letras de câmbio por moeda mais confiável, o que aumentou a pressão sobre o governo.
Para lidar com a crise, o governo da época contraiu um empréstimo de 20 milhões de libras, um valor considerável, especialmente quando comparado à dívida de 5 milhões gerada pela Guerra do Paraguai. O Partido Republicano Paulista, ao perceber a gravidade da situação, concluiu que a única solução viável seria a Proclamação da República.
Após várias reuniões secretas, o golpe que resultou na Proclamação da República foi executado em 15 de novembro de 1889. Goyena descreveu esse evento como um "golpe militar", comparando-o a outros momentos da história brasileira, como o golpe de 1964. Após a Proclamação, Deodoro da Fonseca se tornou o presidente provisório e, posteriormente, foi eleito como o primeiro presidente constitucional da República, cargo que ocupou até 23 de novembro de 1891.
O programa DR com Demori vai ao ar todas as terças-feiras, e a entrevista com Rodrigo Goyena pode ser assistida na TV Brasil, no YouTube, no aplicativo TV Brasil Play e nas rádios Nacional e MEC. Todos os episódios estão disponíveis no canal do YouTube da TV Brasil, permitindo que mais pessoas tenham acesso a essas discussões importantes sobre a história do Brasil e suas implicações na sociedade atual.