Justiça autoriza prisão de suspeito em homicídios em Tremembé
Prisão de suspeito em homicídios no MST em Tremembé.
Notícia publicada em 13/01/2025 13:37 - #sociedade_comportamento
A Justiça de São Paulo autorizou a prisão temporária de um homem suspeito de estar envolvido em um crime que resultou na morte de dois homens no assentamento Olga Benário, que faz parte do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizado em Tremembé. Este é o segundo suspeito a ser preso em relação a esse caso, que gerou grande repercussão na região e levantou preocupações sobre a segurança dos assentamentos rurais.
Na última sexta-feira, dia 10, um ataque a tiros no assentamento resultou na morte de dois homens, de 28 e 52 anos, e deixou seis pessoas feridas. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que as investigações continuam para localizar o segundo homem envolvido e outros possíveis participantes do crime. O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, comentou sobre o caso em uma coletiva de imprensa, afirmando que o ataque foi motivado pelo interesse de grupos criminosos em tomar posse de um lote de terra que é legalmente destinado à reforma agrária.
Teixeira enfatizou que a ação violenta não irá afetar os programas de reforma agrária do governo federal, destacando a importância de proteger os direitos dos trabalhadores rurais. O Partido dos Trabalhadores (PT) também se manifestou, pedindo uma resposta rápida e eficaz das autoridades de segurança pública do estado e da Polícia Federal para lidar com a situação.
O primeiro suspeito preso, conhecido como Nero do Piseiro, foi detido no sábado, dia 11, e sua prisão temporária foi decretada por um período de 30 dias. Ele é considerado o mentor intelectual do crime e já tinha um histórico criminal por porte ilegal de arma de fogo. Testemunhas relataram que viram Nero e outros criminosos chegando ao assentamento em veículos e motos antes de iniciarem os disparos.
Gilmar Mauro, um dos líderes do MST, comentou sobre a situação, afirmando que a área onde o assentamento está localizado é alvo de interesse imobiliário por parte de grupos criminosos. Ele explicou que a proximidade do assentamento com áreas urbanas torna a região atraente para especulação imobiliária, o que leva a invasões e conflitos. Mauro também mencionou que esses grupos criminosos frequentemente atuam em conluio com milícias armadas e, em alguns casos, com a colaboração de políticos locais.
Além de Nero, um terceiro homem foi preso logo após o ataque, mas sua ligação com o crime foi descartada. Ele foi detido por porte ilegal de arma, mas as autoridades acreditam que ele estava no local para ajudar as vítimas do ataque. A investigação está sendo conduzida pela Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Taubaté, e o caso foi registrado como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo.
Esse incidente em Tremembé é um reflexo de um problema maior que envolve a segurança nos assentamentos rurais e a luta por terras no Brasil. A violência contra trabalhadores rurais e a disputa por terras têm sido questões recorrentes, e a situação em Tremembé destaca a necessidade de medidas mais eficazes para proteger os direitos dos trabalhadores e garantir a segurança nas áreas rurais. O governo e as autoridades de segurança pública enfrentam o desafio de lidar com a violência e a criminalidade que ameaçam a paz e a estabilidade nas comunidades rurais, especialmente em áreas onde há um histórico de conflitos por terra.
A situação em Tremembé é um alerta para a sociedade sobre a importância de se proteger os direitos dos trabalhadores rurais e a necessidade de um diálogo mais amplo sobre a reforma agrária e a segurança no campo. O MST e outras organizações sociais continuam a lutar por justiça e proteção para os trabalhadores que enfrentam ameaças e violência em suas comunidades.