Morre o Compositor e Maestro Marlos Nobre aos 85 Anos
Compositor Marlos Nobre falece aos 85 anos.
Notícia publicada em 04/12/2024 16:20 - #cultura
Marlos Nobre, um renomado compositor, maestro e pianista pernambucano, faleceu na noite da última segunda-feira, dia 2, aos 85 anos. A família do maestro optou por não divulgar a causa de sua morte. Ele deixa sua esposa, Maria Luiza Nobre, e uma filha.
Nascido em Pernambuco, Marlos começou sua jornada musical muito cedo, aos 5 anos, no Conservatório Pernambucano de Música, onde deu os primeiros passos em sua carreira. Ao longo de sua vida, ele se destacou por ser o primeiro brasileiro a reger a Royal Philarmonic Orchestra de Londres, um feito que ocorreu em 1990. Essa conquista foi um marco não apenas para sua carreira, mas também para a música clássica brasileira.
Além de reger a Royal Philarmonic, Marlos Nobre teve a oportunidade de dirigir várias outras orquestras de prestígio ao redor do mundo. Ele foi regente da Orchestre Philharmonique de l'ORTF em Paris, da l'Orchestre de la Suisse Romande, da Orchestre de l'Opéra de Nice na França, da Orquesta Filarmónica del Teatro Colón em Buenos Aires, da Orquesta Sinfónica do México e da Orquesta Sinfónica de Cuba. Sua experiência internacional também incluiu o papel de professor visitante em instituições renomadas como a Universidade Yale, a Juilliard School, a University of Texas e a Indiana University.
As obras de Marlos Nobre foram publicadas por editoras respeitáveis, como a Max Eschig em Paris, a Boosey & Hawkes na Inglaterra e a Marlos Nobre Edition no Rio de Janeiro. Ele também teve um papel importante na Fundação Nacional das Artes (Funarte), onde dirigiu o Instituto Nacional de Música em 1976. Além disso, foi presidente do Conselho Internacional de Música da UNESCO entre 1985 e 1987 e, em 1988, assumiu a direção da Fundação Cultural de Brasília.
Marlos Nobre foi um membro ativo da Academia Brasileira de Música, ocupando a cadeira nº 1, e também atuou como diretor musical e regente titular da Orquestra Sinfônica do Recife. Em 2005, ele foi agraciado com o Prêmio Tomás Luís de Victoria da Sociedad de Derechos de Autor (SGAE) em Madrid, um reconhecimento que foi concedido por unanimidade pela primeira vez na história do prêmio. Durante a cerimônia, foi lançado o livro Marlos Nobre: El sonido del realismo mágico, escrito por Tomás Marco e publicado pela Fundación Autor de Madrid.
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC), onde Marlos trabalhou como produtor de rádio, expressou sua tristeza pela perda do maestro. Em um comunicado, a EBC destacou que ele sempre será lembrado por sua genialidade e contribuição à arte. Marlos apresentou programas como Linguagem da Música e Tribuna de Compositores, que ajudaram a difundir a música clássica no Brasil.
Maria Luiza Nobre, viúva do maestro, compartilhou que o legado deixado por Marlos é o de ser considerado o maior compositor ibero-americano, segundo o jornal The New York Times. Ela ressaltou a importância do Projeto Espiral, que ele criou na Funarte, voltado para filhos de funcionários durante o regime militar. Apesar de ter sido preso duas vezes, Marlos continuou a desenvolver o projeto, que teve um impacto significativo na vida de muitos jovens. Maria Luiza também mencionou que encontrou vários ex-alunos do Projeto Espiral em Nova York, onde estavam fazendo doutorado na Juilliard School.
Ela descreveu Marlos como um verdadeiro gênio que sempre buscou o melhor para a cultura brasileira. O legado musical de Marlos Nobre é inegável, e sua contribuição à música clássica será lembrada por muitos anos. Sua morte representa uma grande perda para o cenário musical brasileiro e internacional, mas seu trabalho e suas composições continuarão a inspirar futuras gerações de músicos e compositores.