Número de médicos e enfermeiros no Brasil cresce significativamente
Crescimento de médicos e enfermeiros no Brasil.
Notícia publicada em 04/12/2024 10:59 - #saude
Nos últimos anos, o Brasil viu um aumento significativo no número de profissionais de saúde, especialmente médicos e enfermeiros. De acordo com uma pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de médicos no país cresceu 23,6% entre 2019 e 2023. Em números absolutos, isso significa que o Brasil contava com 502,6 mil médicos em 2023. Além disso, o número de enfermeiros também teve um crescimento expressivo, aumentando 39,2% no mesmo período, totalizando 363,1 mil enfermeiros.
Esses dados foram divulgados na Síntese de Indicadores Sociais 2024, um estudo abrangente que analisa as condições de vida da população brasileira, incluindo aspectos como mercado de trabalho, renda, educação e saúde. A pesquisa revela que, em 2023, havia 23,7 médicos para cada 10 mil habitantes no Brasil, um aumento em relação aos 22,5 médicos por 10 mil habitantes registrados em 2022. Apesar desse crescimento, o Brasil ainda está atrás de países como México e Canadá, que têm, respectivamente, 25,6 e 25 médicos por 10 mil habitantes.
O período de 2019 a 2023 foi marcado pela pandemia de covid-19, que teve um impacto significativo na saúde pública e na demanda por profissionais de saúde. O aumento no número de médicos durante esse período foi mais acentuado em comparação ao intervalo anterior, de 2015 a 2019, quando o crescimento foi de apenas 16,4%. A pesquisa indica que a maior parte desse crescimento ocorreu na rede privada, onde o número de médicos aumentou 29,7%. Em contrapartida, o número de médicos que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS) cresceu 21,2%.
Os enfermeiros, por sua vez, foram os profissionais de saúde que mais se destacaram durante a pandemia. O número de enfermeiros aumentou de 260,9 mil em 2019 para 363,1 mil em 2023, representando um crescimento de 39,2%. Segundo Clician do Couto Oliveira, analista do IBGE, os médicos demonstraram maior interesse em atuar no mercado privado, o que pode explicar essa diferença no crescimento entre os profissionais.
Além do aumento no número de médicos e enfermeiros, a pesquisa também trouxe dados sobre a infraestrutura de saúde no Brasil. O número de leitos complementares, que são aqueles destinados a cuidados especiais, como unidades de terapia intensiva (UTI), aumentou de 59,1 mil em janeiro de 2020 para 76,9 mil em julho de 2022. Isso representa um aumento de mais de 30% em relação ao período pré-pandêmico. O número de tomógrafos também cresceu, passando de 2,3 por 100 mil habitantes em 2019 para 3 por 100 mil habitantes em 2023.
Clician destaca que, embora o crescimento tenha ocorrido em todas as regiões do Brasil, ele foi desigual. Por exemplo, o Distrito Federal, que já tinha o maior número de tomógrafos por habitante, aumentou de 4,6 para 7,2 por 100 mil habitantes.
A pesquisa também analisou dados sobre óbitos no Brasil. Em 2023, o país registrou 1,46 milhão de mortes, um aumento de 8,4% em relação aos 1,35 milhão de óbitos registrados em 2019. Esse aumento é influenciado, em parte, pelo crescimento das mortes por câncer, que subiram 7,7% no período. Os tumores foram responsáveis por 17% de todas as mortes no ano passado.
Outro dado alarmante é que, mesmo após a declaração do fim da pandemia, a covid-19 ainda causou mais de 10 mil mortes em 2023. Isso mostra que, embora a situação tenha melhorado, a doença ainda deixa um impacto significativo na saúde pública.
A pesquisa também revelou desigualdades raciais e de gênero nas taxas de mortalidade. Entre os jovens de até 44 anos, o número de óbitos de pessoas pretas ou pardas foi 2,7 vezes maior do que o de brancos. Além disso, as doenças do coração foram uma das principais causas de morte, com números alarmantes entre homens e mulheres de diferentes etnias.
Esses dados ressaltam a importância de continuar investindo na saúde pública e na formação de profissionais de saúde no Brasil, especialmente em um contexto onde a demanda por cuidados médicos continua a crescer.