Desinformação sobre vacinas afeta gestantes no Brasil
Quatro em cada dez gestantes desconhecem vacinas.
Notícia publicada em 03/12/2024 18:08 - #saude
Uma pesquisa recente revelou que quatro em cada dez gestantes no Brasil não têm conhecimento sobre o calendário vacinal específico para a gravidez. O estudo, encomendado pela farmacêutica Pfizer ao Instituto de Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Idec), mostrou que muitas mulheres ainda acreditam que as vacinas são apenas para a proteção da mãe, sem entender que elas também oferecem proteção aos bebês.
A pesquisa revelou que 60% das gestantes acreditam que as vacinas são voltadas apenas para a saúde da mãe, ignorando a importância da imunização para o recém-nascido. Além disso, 11% das mulheres que pertencem às classes A e B receberam a orientação de seus médicos para não se vacinarem durante a gravidez. O levantamento também apontou que 11% dos profissionais de saúde que realizam o pré-natal não discutiram sobre vacinas com suas pacientes.
Esses dados ressaltam a necessidade de um trabalho educativo mais eficaz por parte dos profissionais de saúde. Entre as gestantes que receberam recomendações para se vacinarem, 96% seguiram as orientações. No entanto, ainda existem dúvidas perigosas que afetam a percepção das gestantes sobre a vacinação. Por exemplo, 10% delas acreditam que as vacinas podem causar autismo nos bebês, uma ideia que já foi amplamente refutada pela comunidade científica. Além disso, 14% das gestantes pensam que as vacinas podem provocar alterações genéticas nos fetos, uma afirmação que não tem fundamento científico.
Importância das Vacinas na Gravidez
Atualmente, as gestantes no Brasil devem receber cinco vacinas que estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). A tríplice bacteriana acelular do tipo adulto, conhecida como DTPa, é uma vacina essencial para as grávidas. Ela deve ser administrada em todas as gestações, pois protege a mãe contra difteria, tétano e coqueluche, além de permitir a passagem de anticorpos para o bebê, garantindo proteção nos primeiros meses de vida.
As gestantes que não têm comprovação de vacinação contra difteria e tétano devem receber essas doses antes da DTPa, uma vez que a difteria pode ser transmitida da mãe para o bebê e o tétano pode ser adquirido durante o parto. Ambas as doenças têm uma alta taxa de mortalidade entre recém-nascidos, o que torna a vacinação ainda mais crucial.
Além da DTPa, é fundamental que as gestantes tenham recebido pelo menos três doses da vacina contra hepatite B, uma doença viral que pode ser transmitida para o bebê e que aumenta o risco de parto prematuro. O esquema de vacinação deve ser completado mesmo após o parto, já que a hepatite pode ser transmitida até pelo leite materno. Gestantes e puérperas também estão no grupo de risco para influenza e covid-19, sendo recomendada a vacinação contra a gripe durante a campanha anual e a vacina contra a covid-19, que agora faz parte do calendário básico e pode ser aplicada a qualquer momento.
A vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Melissa Palmieri, enfatiza a importância de um trabalho contínuo e coordenado para educar os profissionais de saúde sobre a necessidade de recomendar e incentivar a vacinação das gestantes. Ela destaca que é essencial que médicos, incluindo ginecologistas e obstetras, integrem a vacinação como um item fundamental nas consultas de pré-natal.
Imunização Contra o Vírus Sincicial
A pesquisa também abordou a imunização contra o vírus sincicial respiratório (VSR), que é o principal causador da bronquiolite, uma doença respiratória que pode ser grave, especialmente em bebês. Embora 94% das gestantes tenham ouvido falar sobre a doença, apenas 22% sabem que o principal causador é um vírus. Dados da plataforma Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz, indicam que até novembro foram registrados 26 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave causados pelo VSR, um aumento significativo em relação ao ano anterior.
Atualmente, existem duas vacinas contra o VSR autorizadas para uso no Brasil: a Arexvy, da farmacêutica GSK, recomendada para idosos, e a Abrysvo, da Pfizer, que pode ser aplicada em gestantes. No entanto, essas vacinas não fazem parte do Programa Nacional de Imunizações e estão disponíveis apenas na rede privada.
A pesquisa destaca a necessidade urgente de aumentar a conscientização sobre a importância da vacinação durante a gravidez, não apenas para proteger as mães, mas também para garantir a saúde e segurança dos bebês.