Mudanças na Pós-Graduação das Universidades Públicas Paulistas
Universidades públicas de SP planejam mudanças na pós-graduação.
Notícia publicada em 01/12/2024 12:17 - #educacao
As universidades públicas de São Paulo estão se preparando para implementar mudanças significativas em seus programas de pós-graduação a partir de 2025. O objetivo é tornar esses cursos mais flexíveis, modernos e atrativos para os estudantes. Para isso, um protocolo de intenções foi assinado entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e seis universidades: Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal do ABC (UFABC) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
O presidente da Fapesp, Marco Antonio Zago, destacou que a pós-graduação no Brasil enfrenta uma crise, com uma queda significativa no número de graduados e novas inscrições. Por exemplo, na USP, houve uma redução de 15% nas titulações de mestrado e 10% no doutorado. Além disso, o número de novas matrículas caiu entre 20% e 30% no mesmo período. Essa tendência observada em São Paulo também se reflete em outras partes do país.
Zago apontou que vários fatores contribuem para essa diminuição na procura por cursos de pós-graduação. Um deles é a desilusão dos jovens em relação ao ensino superior e à real contribuição que ele pode trazer para suas vidas. Outro fator importante é a dependência de bolsas de estudo, que muitas vezes não são suficientes para cobrir as despesas dos estudantes.
Ele também mencionou que, fora de São Paulo, os recursos destinados a institutos de pesquisa e universidades têm diminuído, o que leva muitos jovens a buscar oportunidades no exterior. A burocracia excessiva na pós-graduação, com a criação de disciplinas teóricas e exigências de créditos, também foi criticada por Zago. Para ele, a essência da pós-graduação deve ser o treinamento prático e ligado ao método científico.
Zago propõe que as mudanças incluam o aumento do valor das bolsas, com a inclusão de benefícios como a Previdência Social, a redução do tempo de graduação e a diminuição da burocracia. Ele sugere que o aluno entre no mestrado, aprenda o método científico e, ao final de um ano, pelo menos 30% dos alunos que ingressaram no mestrado possam avançar para o doutorado. Com isso, o doutorado poderia ser concluído em um prazo de cinco anos, o que ele considera razoável.
O acordo assinado prevê que as universidades que aderirem ao programa terão o apoio da Capes, que se compromete a conceder bolsas de doutorado para alunos de mestrado que optarem pela mudança de nível. Além disso, a Fapesp se compromete a complementar o valor das bolsas de doutorado e pós-doutorado concedidas pela Capes, equiparando-as aos valores oferecidos por suas próprias bolsas.
Essas mudanças visam não apenas atrair mais estudantes para a pós-graduação, mas também melhorar a qualidade do ensino e da pesquisa nas universidades públicas de São Paulo. A expectativa é que, com essas novas diretrizes, as instituições consigam reverter a tendência de queda nas matrículas e nas titulações, promovendo um ambiente acadêmico mais dinâmico e produtivo.
A iniciativa é um passo importante para revitalizar a pós-graduação no Brasil, especialmente em um momento em que a educação superior enfrenta desafios significativos. Com a implementação dessas mudanças, espera-se que mais jovens se sintam motivados a continuar seus estudos e a contribuir para o avanço da ciência e da tecnologia no país.