Desmatamento no Cerrado apresenta queda após cinco anos
Desmatamento no Cerrado tem redução significativa.
Notícia publicada em 06/11/2024 21:47 - #meio_ambiente
O desmatamento no Cerrado, que é o segundo maior bioma do Brasil, apresentou uma redução significativa pela primeira vez em cinco anos. Essa informação foi divulgada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em um relatório recente. Entre agosto de 2023 e julho de 2024, a área desmatada foi de 8.174 quilômetros quadrados (km²), o que representa uma queda de 25,7% em comparação com os anos anteriores.
O Inpe realiza esse monitoramento através do Projeto de Monitoramento do Desmatamento no Cerrado por Satélite, conhecido como Prodes Cerrado. Esse projeto utiliza tecnologia de satélites para detectar mudanças na vegetação, com uma precisão de até 10 metros. O monitoramento é feito durante as estações mais secas do bioma, entre agosto de um ano e julho do ano seguinte. Essa queda no desmatamento é um alívio, especialmente após cinco anos consecutivos de aumento na destruição da vegetação nativa, que começou a ser registrada no período de 2018/2019.
A maior parte do desmatamento, cerca de 76%, está concentrada em quatro estados: Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Esses estados formam a região conhecida como Matopiba, que é a principal fronteira agropecuária do Cerrado atualmente. No entanto, mesmo nesses estados, o Prodes registrou uma queda significativa no desmatamento. Por exemplo, na Bahia, a redução foi de 63,3%, enquanto no Maranhão foi de 15,1%, no Piauí 10,1% e no Tocantins 9,6%.
Essa diminuição no desmatamento é importante porque, segundo o governo federal, 41,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) deixaram de ser emitidas na atmosfera. O CO2 é um dos principais gases que contribuem para o aquecimento global, e sua redução é um passo positivo para o meio ambiente.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, expressou sua satisfação com os resultados. Durante um evento no Palácio do Planalto, ela destacou que a queda no desmatamento, que muitos consideravam impossível, está se concretizando, especialmente com a colaboração do setor privado.
Por outro lado, representantes de entidades da sociedade civil alertam que, apesar da redução, os níveis de desmatamento ainda são considerados altos. Daniel Silva, especialista em conservação do WWF-Brasil, afirmou que, embora haja uma tendência de queda, os números ainda são preocupantes quando comparados a dados históricos. Ele ressaltou que a maior parte do desmatamento ocorre em propriedades privadas, o que indica a necessidade de um maior envolvimento do setor produtivo. A pressão econômica sobre o Cerrado, especialmente devido à expansão das atividades relacionadas às commodities, juntamente com uma legislação ambiental fraca, torna a situação ainda mais crítica.
Durante o mesmo evento, a ministra Marina Silva assinou um pacto entre o governo federal e os governos estaduais do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O objetivo desse pacto é fortalecer a ação conjunta na prevenção e combate ao desmatamento e incêndios na região. Essa articulação vem sendo desenvolvida desde março e busca aumentar a atuação coletiva para identificar e aplicar sanções ao desmatamento ilegal em propriedades rurais. Além disso, o pacto visa aprimorar as regras e processos para garantir transparência e compartilhar informações sobre a conservação da água e dos ativos florestais do Cerrado.
O governo federal também atribui a queda no desmatamento à intensificação das ações de fiscalização, tanto no Cerrado quanto na Amazônia Legal. Entre janeiro de 2023 e outubro de 2024, a média de multas aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por desmatamento e queimadas ilegais foi 98% maior do que a registrada entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022. No Cerrado, o aumento foi de 20% ao ano.
Além da queda no Cerrado, a Amazônia Legal também apresentou uma redução no desmatamento. Entre agosto de 2023 e julho de 2024, a queda foi de 30,6% em relação ao ano anterior, atingindo o menor valor percentual em 15 anos. Em termos de área desmatada, os números atuais são os mais baixos desde 2013, o que representa um avanço significativo na preservação desses biomas tão importantes para o Brasil e para o planeta.